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O senador José Sarney (PMDB-AP) fez na tarde desta quarta-feira, dia 20, o tão esperado discurso no plenário do Senado à respeito das acusações de corrupção que envolvem sua filha, a governadora do Maranhão e pré-candidata à Presidência da República, Roseana Sarney (PFL), e seu genro, marido de Roseana, Jorge Murad.
Sarney começou sua fala negando que tenha ido à tribuna do Senado para ofender o presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele disse não ter mais idade para isso e que esperava estar mais ligado nos últimos anos à literatura e mais distante da política. Ele disse, porém, que os fatos o levaram ao discurso.
Sarney fez duras críticas à ação da Polícia Federal na empresa Lunus, de propriedade de Roseana e de seu marido. No dia 1º de março, a PF realizou a apreensão de documentos e de R$ 1,34 milhão na empresa. Murad assumiu a responsabilidade dinheiro encontrado e disse ter recebido como doação para a campanha de Roseana, o que é considerado irregular pela legislação eleitoral.
O ex-presidente, que havia adiado por três vezes seu pronunciamento, disse que a PF cometeu uma "violência política" no Maranhão com o claro objetivo de prejudicar a candidatura de Roseana à Presidência da República.
– Roseana sempre foi séria e correta – enfatizou, ressaltando que o dinheiro encontrado na empresa Lunus poderia legalmente ser destinado à campanha de Roseana.
Ele lembrou o episódio Watergate para advertir o presidente Fernando Henrique Cardoso em relação "aos amigos mais próximos do chefe da Nação". Sarney disse que há dois meses alertou o presidente sobre a possível "conspurcação do seu governo".
O senador pelo Amapá também considerou o cumprimento de mandado judicial via Tocantins uma ilegalidade, uma vez que o Maranhão não é jurisdição daquele Estado. Munido de parecer do jurista Saulo Ramos, Sarney destacou que o processo envolvendo Roseana teria de seguir orientação dos tribunais superiores e não da Polícia Federal.
O senador enumerou os erros que teriam sido cometidos pela Polícia Federal em sua ação na empresa Lunus. Segundo ele, quem deveria ter determinado a ação era o juiz do Maranhão. Sarney disse ainda que os policiais federais não eram de Palma nem de São Luís, mas sim de Brasília, todos diretamente subordinados ao superintendente da Polícia Federal, que é filiado ao PSDB e que obedece às ordens do governo.
O senador também não poupou críticas ao pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, citando dois processos em que Serra estaria sendo acusado de improbidade administrativa. Segundo Sarney, apesar dos processos, ninguém tomou nenhuma atitude para expô-lo à opinião pública, como foi feito com sua filha Roseana. Toda a operação na empresa Lunus, segundo Saney, passou pela Presidênciada República e pelo Ministério da Saúde, numa alusão a Serra, ex-ministro da Saúde.
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