A saída de Wanderley Luxemburgo do cargo de treinador do Real Madrid fez transparecer uma série de problemas que acompanham a equipe já há algum tempo. Para o diretor de esportes Arrigo Sacchi e para o defensor Ivan Helguera, o grande problema do time não está na qualidade dos jogadores, mas na individualidade dos atletas. Segundo afirmou o dirigente, são as equipes que fazem um clube vencedor, não um jogador.

– Normalmente, com 80 pontos se pode ganhar o Campeonato Espanhol. Agora, temos de fazer um trabalho extraordinário para vencer. Eu confio muito na inteligência e no profissionalismo destes jogadores. Eles devem esquecer o passado, quando possivelmente eles venciam sem fazer tanto esforço. Agora é necessário que todos façam um pouco mais e que estejam juntos. A individualidade pode ganhar uma partida, mas as equipes vencem os campeonatos – disse.

Sacchi ainda deu exemplos de equipes que não contavam com grande prestígio, mas que realizaram grandes conquistas.

– A Grécia venceu a Eurocopa, a Liga dos Campeões foi vencida pelo Porto e pelo Liverpool, que não eram apontados como favoritos. Quando há um grupo forte, as individualidades são ainda melhores. Temos grandes individualidades, mas nem sempre somos uma equipe – disse.

Fato explorado pela imprensa espanhola, muitos acreditam que, devido à grande quantidade de brasileiros no Real Madrid, dois grupos tenham se formado: o dos brasileiro e o dos demais jogadores. O defensor Helguera acredita que não seja esse o foco do problema da equipe, mas, sim, a falta de coletividade.

– Dentro do aspecto futebolístico, sei que somos um bom grupo. Eu me dou muito bem com todos os brasileiros. Isso que dizem que nós não nos damos bem com os brasileiros não é verdade. Temos uma ótima relação. O que é verdade é que, cada vez que termina um treinamento, cada um vive a sua vida – analisa Helguera. – Quando eu cheguei éramos mais uma equipe. Não quero dizer que agora não sejamos, mas era uma dinâmica diferente – concluiu.

Quanto à demissão de Luxemburgo, Helguera acredita que o fato se deu pois ambas as partes não se entenderam, jogadores e treinador.

– Não acho que ele tenha cometido erros. Nós não o entendíamos e nem ele nos entendia. Sei que ele é um grande treinador, que pode triunfar em qualquer equipe da Europa. É verdade que nas últimas semanas, ainda que tivéssemos nos esforçando, não conseguíamos jogar bem – considerou o defensor.

AGÊNCIA PLACAR