| 06/12/2005 19h10min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta tarde que haverá ajustes na política econômica, mas não disse quando nem quais mudanças serão feitas. As afirmações foram feitas nesta tarde após Lula participar da entrega do prêmio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) de inovação tecnológica, no Salão Nobre do Palácio do Planalto, em Brasília.
– Vai, vai ter ajustes na política econômica – respondeu Lula.
Diante da indagação se haveria realmente mudanças, o presidente respondeu:
– Tudo vai acontecer.
Mais cedo, em um discurso com forte teor político, proferido em um seminário sobre riscos e estabilidade financeira, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, fez duras críticas aos que defendem uma flexibilização da política econômica:
– O abandono casuístico de objetivos anunciados ao primeiro sinal de efeitos sobre a atividade e sobre o
custo da dívida pública pode sempre parecer conveniente sob o
imediatismo da análise de curtíssimo prazo, mas é precisamente desse abandono que se alimentam as desconfianças dos agentes privados em relação à estabilidade e à previsibilidade da inflação futura – afirmou Meirelles.
Os jornais de hoje revelaram que Lula convocou o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e o presidente do BC para discutir os ajustes que podem ser feitos na condução da política econômica. O objetivo seria enfrentar a queda de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de riquezas produzidas no país) no terceiro trimestre deste ano e garantir uma expansão de pelo menos 4% em 2006, ano eleitoral.
No encontro, que poderá ocorrer ainda nesta semana, Lula deixará claro que o foco das decisões deverá ser uma política consistente de crescimento. A trajetória futura dos juros - que poderia ser de quedas acentuadas - será um dos temas em debate.
Até a próxima reunião ministerial, no dia 19, Lula deverá ter encontros individuais para
discutir esta meta de crescimento. A
idéia é manter encontros com Palocci e outros ministros influentes, como Dilma Rousseff (Casa Civil), sem provocar tensão e recrudescer o embate que hoje existe no chamado núcleo duro de governo.
Em novembro, em meio a uma crise de divergências sobre a política econômica entre o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, Lula defendeu com veemência a atual forma como Palocci vem conduzindo a economia brasileira. O presidente afirmou na época que que tanto ele como o ministro e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, gostariam de baixar os juros de uma forma mais brusca, mas que isso ainda não é possível.
Os ministros se reuniram no final do mês para discutir sobre os pontos de discordância mas não anunciaram se chegaram a um acordo sobre os gastos públicos (o principal enfoque de desacordo entre Dilma e Palocci) ou seriam realizadas mudanças na meta do superávit primário, que é a economia que o governo faz para
pagar os juros da dívida
pública do país.
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