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 | 18/11/2005 00h50min

Sombra termina depoimento sem explicar depósitos

Empresário teria recebido propina quando Celso Daniel era prefeito de Santo André

O empresário do setor de transportes Sérgio Gomes da Silva, conhecido como Sombra, não soube explicar à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos por que recebeu quatro depósitos em sua conta bancária, feitos por Luis Alberto Ângelo Gabrielli Filho, proprietário da Expresso Guarará.

– Fiquei sabendo agora, quando soube dos boletos, que foram feitos estes pagamentos – declarou em depoimento que terminou há pouco.

Os depósitos ocorreram em 1997, com intervalos de 30 dias e valores em torno de R$ 10 mil. O ex-secretário de Serviços Municipais de Santo André, Klinger Luiz de Oliveira Souza, acusou a empresa de fazer lobby para manter contrato com a prefeitura de Santo André.

Sombra alegou que prestava serviços de segurança a empresas de transporte urbano e coleta de lixo de Ronan Maria Pinto e sempre tinha valores a receber. Ronan é acusado de participar de um esquema de cobrança de propina na Prefeitura.

– Eu partia do princípio de que os depósitos feitos nesta conta eram de quem eu prestava serviço. Eu tinha um acordo com as empresas de Ronan e emitia nota fiscal a cada grupo de depósitos – disse.

Sombra também não soube explicar a razão de depósitos feitos por ele em nome de diversas pessoas, como a ex-mulher Adriana Pugliese, do amigo Fernando Ubrich, de Ivone Souza (ex-companheira de Celso Daniel), e Daniele Pererira Braga. Disse , apenas, que costumava emprestar dinehiro aos amigos.

– Preciso dos documentos para saber a razão destes cheques todos. Tem uma razão, mas não sei agora – respondeu.

Indignado, o senador Magno Malta (PL-ES) sugeriu uma acareação entre Sombra e as pessoas a quem teria emprestado dinheiro, e chegou a afirmar que o empresário poderia ser preso em flagrante por mentir à CPI.

Sombra trabalhou com Celso Daniel desde a primeira eleição do petista para a prefeitura da cidade, em 1988. Ele estava com o prefeito no dia de seu assassinato e dirigia a Pajero, de sua propriedade. Sombra rebateu as acusações de que não teria reagido aos seqüestradores, apesar de estar armado.

– A minha arma estava numa pasta no banco de trás do carro. Não tinha como reagir. Fiquei apavorado e saí pedindo ajuda para as pessoas ligarem para o 190 (telefone da Polícia Militar) – disse.

Antes de depor, o empresário ainda tentou evitar sua presença na CPI dos Correios. Seus advogados tentaram obter um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), mas o ministro Marco Aurélio Mello negou. Ele foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo sob a acusação de ser o mandante do assassinato do ex-prefeito, em janeiro de 2001. Teve prisão preventiva decretada em janeiro deste ano e ficou preso até julho

AGÊNCIA BRASIL
 

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