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 | 17/11/2005 18h23min

Rodrigues diz que agronegócio precisa de maior abertura comercial

Ministro teme que setor deixe de sustentar a economia

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, reafirmou hoje, ao participar da 3ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Informação, em Brasília, que sem abertura comercial o agronegócio não se manterá como a locomotiva da economia brasileira.

Ele citou a desobediência dos Estados Unidos à determinação da Organização Mundial do Comércio (OMC) no que se refere à redução dos subsídios ao algodão.

– Ganhamos o painel, mas os EUA não implementaram a decisão – disse.

A expectativa de Rodrigues é de que a questão seja definida dentro de um mês, quando acontece em Hong Kong a próxima reunião da OMC. O ministro também destacou a resistência da União Européia nas negociações internacionais.

– O bloco não sinaliza com horizontes significativos quanto a avanços no comércio – comentou, acrescentando que o Brasil precisa de um marco regulatório que garanta o cumprimento dos contratos e a segurança dos mercados compradores.

O ministro ressaltou que muitas vezes o produtor ganha causas na Justiça quando desiste de entregar seus grãos vendidos a um preço pré-estabelecido (compra antecipada). Os contratos não são cumpridos quando os preços no momento da entrega estão muito acima ou abaixo do que foi previamente acertado.

– A inexistência de um marco legal especifico gera insegurança – disse Rodrigues.

Durante palestra para os participantes da conferência, o ministro apresentou dados que mostram o bom desempenho do agronegócio. Destacou que a balança comercial do setor é superavitária, com R$ 37,2 bilhões de saldo positivo entre novembro de 2004 e outubro de 2005. As exportações do agronegócio chegaram a US$ 42,2 bilhões no período.

Roberto Rodrigues também falou sobre os índices de crescimento do PIB  dos municípios brasileiros onde houve expansão do agronegócio. Citou municípios dos Estados de Mato Grosso, Goiás, Bahia e São Paulo. 

Em Tapurá (MT), por exemplo, a produção de soja levou o município a registrar um aumento de 284,46% do PIB, ante a elevação de 52,88% do PIB de todo o Estado entre 1999 e 2002. Na Bahia, Estado que cresceu 47,72% neste período, o município de São Desidério cresceu 159,24%, também com o cultivo de soja. Em São Paulo, o aumento do plantio de cana-de-açúcar levou o município de Matão a registrar um crescimento de 166,39% do PIB, contra 28,76% em todo o Estado.

Roberto Rodrigues lamentou a queda no nível de investimentos na Embrapa e na defesa agropecuária.

– Hoje, o orçamento da Embrapa representa menos de 0,6% do PIB agrícola nacional e o da defesa agropecuária é menos de 10% do orçamento da Embrapa .

O ministro informou ainda que o lucro social da Embrapa em 2004 foi de R$ 11,9 bilhões. Segundo Roberto Rodrigues, as 30 novas tecnologias geradas pela empresa permitiu ganhos de produtividade, empregos qualificados e exportações.

– Para cada real investido na Embrapa, R$ 13 retornaram à sociedade.

Para o ministro, a falta de investimento em ciência tem como conseqüência a diminuição relativa no crescimento do Brasil em relação a outros países. Mas ressaltou que o maior beneficiário da pesquisa é o produtor.

– Ele não deve esperar apenas que o governo invista no setor.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA

 

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