| 08/11/2005 15h59min
O deputado Ronivon Santiago (PP-AC) disse que a fita divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo, na qual afirma ter recebido R$ 200 mil para votar a favor da Emenda da Reeleição, em 1997, é uma montagem muito bem feita do teor das gravações executadas.
Ele foi interrogado pelo relator da CPI do Mensalão, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG). Ronivon também negou a veracidade das declarações que aparecem na fita envolvendo os então deputados Chicão Brígido, João Maia, Osmir Lima e Zila Bezerra e os então governadores Amazonino Mendes (Amazonas) e Orleir Cameli (Acre).
Supondo que as gravações tinham sido feitas a partir de conversas telefônicas, Abi-Ackel fez várias perguntas sobre a existência desses telefonemas, sendo que Ronivon negou que tenham ocorrido. Na verdade, as gravações com a voz do deputado foram feitas por uma pessoa que estava próxima ao deputado, e não por meio de grampos telefônicos, como revelou a matéria da Folha de S. Paulo.
Ronivon afirmou que houve várias gravações – algumas em momentos de descontração. De acordo com o deputado, trechos dessas gravações foram colados e montados para formar os diálogos que aparecem na fita que foi periciada.
– A própria perícia admite que há trechos com interrupções – disse.
Indagado pelo relator sobre quem teria feito as gravações e por que motivo, Ronivon afirmou que na época tinha 81% das intenções de votos para o governo do Acre e que alguns interessados em prejudicá-lo providenciaram as gravações e a montagem.
– Até hoje a Polícia Federal e o Ministério Público não encontraram provas para me incriminar, e nenhuma ação penal foi proposta – disse.
Diante da afirmação, o relator se deu por satisfeito e encerrou o interrogatório.
O advogado Paulo Goyaz, que representa Ronivon, explicou que a perícia atestou que a fita inclui gravações feitas ao longo de cinco meses após a aprovação da Emenda da
Reeleição.
De acordo com o advogado, só aparecem as falas do próprio Ronivon, já que a voz do "Senhor X", que é a pessoa que teria feito as gravações, foi cortada, para não revelar sua identidade. Goyaz disse que, por suas características, a fita é, sem dúvida, produto de montagem.
– A frase Eu não recebi R$ 200 mil para votar a favor da Emenda da Reeleição', com a exclusão da palavra não, se torna Eu recebi R$ 200 mil. Foi isso o que aconteceu – ressaltou.
A reunião da CPI para ouvir o depoimento de Ronivon já foi encerrada.
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