A herança de Blumenau é imensa. Neste um século e meio de existência, a cidade criou um invejável acervo cultural, paisagístico e técnico, que é referência única neste caldeirão chamado Brasil. Talvez seja esta a explicação para o fenômeno Oktoberfest. Pelo país afora sempre se soube que em Blumenau tudo era bom, bonito e bem feito. E não seria diferente com uma festa que exaltava a origem germânica e que tinha como principais ingredientes o chope e a música. As condições para lançar uma Oktoberfest blumenauense, nos moldes da festa de Munique, sempre existiram, mas a iniciativa só veio em 1983, quando entidades de classe se reuniram com a prefeitura para fazer a festa.
O El Niño, no entanto, adiou os planos em um ano. Assim, só em 5 de outubro de 1984 era sangrado o primeiro barril de chope da festa que, em apenas 10 dias, reuniu no Pavilhão da Proeb 102 mil pessoas. Mais de 100 mil litros de chope foram consumidos, volume que surpreendeu até mesmo os organizadores. Essa foi a primeira indicação de que aquele evento, há tanto tempo sonhado, teria uma grandeza maior do que se poderia supor. Embalados pela fama de Blumenau e uma campanha bem dirigida, turistas de várias partes do Brasil vieram conferir a festa e não se arrependeram. No ano seguinte eles voltaram, trouxeram muito mais gente e Blumenau mostrou ao país uma nova maneira de festejar as boas coisas da vida com muita elegância.
Da primeira Oktoberfest ninguém esqueceu. Foi uma surpresa tão marcante que se tornou assunto obrigatório naquele fim de 1984. Quando 1985 chegou não havia dúvida. A festa teria que durar mais e ser tão grandiosa quanto à cidade. Assim, o planejamento da segunda Oktoberfest começou cedo e a sua divulgação também. Naquele ano, Blumenau teria um produto a mais para oferecer ao Brasil. E o segmento turístico o recebeu com grande satisfação.
O status de Blumenau como cidade de Primeiro Mundo garantiu à promoção uma divulgação sem precedente. Dessa forma, na segunda edição, que durou 17 dias (de 4 a 20 de outubro), a festa recebeu 362 mil pessoas, que consumiram 154 mil litros de chope. Esse imenso público se divertiu nos pavilhões A e B.
A partir de 1985, Blumenau também passou a ser conhecida nacionalmente como a cidade da Oktoberfest. Outras cidades da região aproveitaram o grande fluxo turístico e se lançaram em projetos parecidos. Começou, então, a se esboçar o roteiro das festas de outubro. E Blumenau mostrou que, além de seus produtos têxteis e dos cristais, sabia fazer festa e exportar alegria.
A terceira Oktoberfest foi considerada um fenômeno. Em 17 dias (de 3 a 19 de outubro), mais de 800 mil pessoas estiveram na Proeb, consumindo 485 mil litros de chope e o restaurante que funcionava no pavilhão se preparou para vender 85 mil pratos.
Além disso, nunca a segurança e o trânsito haviam sido assuntos tão sérios para a cidade. Prevendo a movimentação de turistas, a Polícia Militar destinou um efetivo de 130 homens para assegurar o bom andamento da festa.
Em 1986, a Oktoberfest recebeu convidados importantes, como os atores Grande Otelo e Edwin Luigi, que estavam em grande evidência na época. O apresentador Celso Freitas, da Rede Globo, foi outra personalidade que esteve em Blumenau.
Mas as grandes estrelas da 3ª Oktoberfest foram as bandas de Helmut Högl e a Kapelle Goetz Buam, do maestro Zigi, que reuniam um grande público. Três anos depois, Helmut Högl consagraria a Oktoberfest com o seu hino Hallo Blumenau.
Foi neste ano também que a festa ganhou a primeira edição do Oktober Zeitung, editado pelo Jornal de Santa Catarina, e que se tornou uma das maiores referências da Oktoberfest nos meios de comunicação.
Em 1987, a Oktoberfest começou com todo mundo de olho no placar que diariamente mostrava o número de pessoas que entravam na Proeb. A festa já era um acontecimento nacional e a expectativa em relação ao público era das maiores.
Ao fim da festa o placar da Proeb marcava 874.945 pessoas, 72 mil a mais que no ano anterior e o consumo de chope também foi maior. Em 17 dias foram consumidos 560.713 litros, 75 mil litros a mais que em 1986. Para receber tantos visitantes, o departamento de trânsito de Blumenau planejou um esquema especial que iniciou quatro meses antes da festa.
Em 1987, tucano era sinônimo de ave e de avião. E seis tucanos da Esquadrilha da Fumaça realizaram uma exibição nos céus de Blumenau durante a festa, empolgando o público presente. O visitante mais ilustre da 4ª Oktoberfest foi o ex-ministro da Fazenda, Dilson Funaro, que circulou nos principais camarotes e também entre o público.
A grande surpresa da edição ficou por conta da banda Nusslberg Buam, de Munique, que trouxe uma música composta para a festa, “Gruss na Blumenau” (Lembrança para Blumenau), sendo esta a primeira canção dedicada à Oktoberfest blumenauense composta por um grupo alemão.
Hoje, com a inflação baixa, é difícil acreditar que uma das grandes preocupações na 5ª Oktoberfest, em 1988, era o preço do chope. O país estava digerindo mais um pacote econômico e havia um severo controle de preços. O chope era um dos itens visados pela Sunab, embora seu preço estivesse liberado. Mas as cervejarias prometeram manter os mesmos Cz$ 250,00 (duzentos e cinqüenta cruzados) nos 17 dias da festa. Os fiscais bem que andaram por aqui, mas não autuaram ninguém. Nem incomodaram os vendedores de comidas típicas. Naquele ano, o prato de maior sucesso foi o porco na brasa.
Na 5ª Oktoberfest começou uma polêmica que persiste até os dias de hoje: durante a festa não seria melhor proibir músicas que não fossem alemãs? Muitos se posicionaram a favor, porém, o alemão mais ilustre daqueles tempos, Helmut Högl, que visitava Blumenau pela quarta vez, não compartilhava da opinião. Tanto que um dos maiores sucessos de sua banda no palco era Hilariê, da Turma da Xuxa. Os que torciam o nariz para essa ousadia, argumentavam que a canção agitava muito o público e gerava insegurança nos pavilhões.
Foi na 5ª Oktoberfest que o público superou pela primeira vez a marca de 1 milhão de pessoas. Na contagem oficial, entraram 1.009.057 pessoas na Proeb, que consumiram 721.652 litros de chope.
Quando a 6ª Oktoberfest começou, havia aquela velha expectativa em relação a tudo, mas o que mais se falava naquele ano de 1989 era que os preços estavam altos demais, tanto o do ingresso quanto o do chope. Mesmo assim, muitos ingressos foram vendidos. Pela contagem oficial dos organizadores, entraram 954.692 pessoas nos pavilhões da Proeb em 17 dias.
Nesta edição também foi inaugurado o placar eletrônico, que registrava diariamente o número de “oktoberfesteiros”. No primeiro sábado da festa foi registrada a presença de 148.089 pessoas.
Cinco bandas alemãs vieram a Blumenau, três delas já consagradas: Helmuth Högl Band, Nüsslberg Buam e Kapelle Götz Buam. Com a consagração definitiva da música Hallo Blumenau, de Helmuth Högl, como um hino da Oktoberfest.
Porém, 1989 teve um marca negativa. Pela primeira vez a festa registrou um acontecimento trágico. Um funcionário do parque de diversões morreu ao ser atropelado pelo carrinho da montanha russa.
Em 1990 havia a impressão de que a festa continuaria crescendo sem parar. O otimismo era grande, pois a Oktoberfest havia se tornado um acontecimento de repercussão nacional. O placar final, no entanto, mostrou que apenas o consumo de chope havia crescido. Oficialmente, o público de 1990 foi superior ao de 1989 em 5 mil pessoas – 959.998 contra 954.692. Mas em número de ingressos vendidos pelo Besc a história foi outra: Em 1989 foram 139 mil a mais que em 1990. Apesar dessa redução, em 1990 a venda de chope superou em 10 mil litros a de 1989.
Esses números deram a 1990 o recorde de consumo de chope em toda a história da Oktoberfest. A maior novidade do ano foi a entrada da Cervejaria Brahma, que ocupou apenas o Pavilhão D, o Galegão, e para marcar presença trouxe como convidadas as atrizes Luma de Oliveira, Regina Duarte e Cristiana Oliveira, que na época fazia grande sucesso como Juma, na novela Pantanal.
A grandiosidade da festa fez até com que o prefeito anunciasse a construção de um novo pavilhão, ao lado do Pavilhão A, e que seria maior do que os quatro já existentes. Mas ninguém imaginava que a 7ª Oktoberfest terminaria com uma tragédia.
Uma enxurrada no bairro Garcia matou 20 pessoas e o lucro da Oktoberfest foi destinado ao amparo dos desabrigados e à reconstrução de casas. As bandas alemãs - Helmuth Högl, Nüsslberg Buam e Fidelle Odenwalder fizeram um show na tarde do último domingo para ajudar as vítimas do flagelo.
A impressão que ficou ao se encerrar a 7ª Oktoberfest, em 1990, foi a de que não havia como a festa crescer mais. Mesmo assim, os organizadores apostavam num movimento maior na oitava edição. Porém, não foi o que aconteceu.
Choveu muito em 1991 e o público reduziu significativamente. Pela contagem oficial 844.255 pessoas entraram na Proeb, ou seja, 115 mil a menos que em 1990. Na expectativa de um público maior, o pavilhão B foi ampliado em 5 mil metros quadrados, mas a construção de um novo pavilhão, anunciada pelo prefeito, no ano anterior, acabou definitivamente adiada. A única grande construção de 1991 foi o portal, entre o Pavilhão C e o Galegão, na rua Humberto de Campos.
Neste ano vieram quatro bandas alemãs, mas as grandes estrelas, Helmuth Högl e Nüsslberg Buam, estiveram ausentes. Já os convidados ilustres foram os atores Ângelo Antônio e Letícia Sabatella, que estavam em evidência na novela O Dono do Mundo, e ainda Victor Fasano e Bia Seidl. Uma das estrelas daquela edição foi o livro Oktoberfest – a Festa da Cerveja, lançado na abertura do evento. A obra, escrita por Marita Sasse, se tornou uma referência para a história da cidade e da festa.
Quando se fala que a Oktoberfest era bem mais divulgada há alguns anos, poucos são os que lembram dos investimentos feitos pela iniciativa privada. A 9ª Oktoberfest, em 1992, foi o melhor exemplo. A empresa que detinha exclusividade na venda de salsichas nessa época investiu 1,05 milhão de dólares na festa. Fora isso, mais 900 mil dólares foram gastos por essa empresa numa campanha de divulgação da marca, que tinha como referência a Oktoberfest.
A festa de Blumenau estava nos programas de televisão de todo o país. Com tanto poder concentrado, era justo esperar a maior festa de todas. A previsão era a de que o público chegasse a 1,2 milhão de pessoas, mas os números oficiais apontaram 1.010.060. Ainda assim, a maior bilheteria de todas as festas.
Em 1992 havia também uma divulgação muito intensiva por parte da Secretaria de Turismo com o projeto Blumenau e a Oktoberfest na Sua Cidade. Foram visitadas 34 cidades do Brasil, Argentina, Uruguai e Chile.
Na Oktoberfest de 1992 já era bem visível a mudança de perfil do público. A festa, que recebia um grande número de adultos acima de 30 anos, já tinha o adolescente como público predominante. Isto acabou definindo posteriormente o perfil das bandas alemãs.
Naquele ano, oito bandas vieram da Alemanha, entre Kapelle Götz Buam. E foi o primeiro ano da Die Odenwälder Fidele Buam, que fez grande sucesso nos anos seguintes.
Ao completar uma década, a Oktoberfest passou por uma reestruturação, e já se começava a pensar no futuro do evento. Embora continuasse como referência maior das festas de outubro, a Oktoberfest de Blumenau dividia público com outros eventos na região. A festa blumenauense tinha deixado de ser novidade, mas ainda assim havia a expectativa de que continuaria crescendo. No entanto, houve uma sensível queda de público e no consumo de chope. O resultado oficial apontou a presença de 853 mil pessoas, com um consumo de 406 mil litros.
Naquele ano, as bandas alemãs ainda eram as grandes atrações. Kappele Götz Buam e a Die Odenwälder continuavam a atrair um grande público. Na 10ª Oktoberfest veio pela primeira vez a Musikverein Kirrlach, que ficou marcada como uma das bandas favoritas. Mas quem fazia também muito sucesso era a Cavalinho Branco, chegando a dividir o palco com a Die Odenwälder.
A 11ª Oktoberfest começou como as demais, com muitas previsões sobre o público e venda de chope, mas o que mais repercutiu no início foi a decoração da cidade, que desagradou muita gente. Onde existiam bandeiras, na edição de 1994, só havia logomarcas de empresas. As reclamações do público também se direcionavam aos preços dos lanches vendidos na festa. O país acabara de entrar no Plano Real, e pagar um simples cachorro-quente a R$ 3 era demais.
O ano de 1994 se caracterizou também por um leve reaquecimento nas vendas do comércio local. Nesse ano Blumenau recebeu turistas com um poder aquisitivo maior. Já não se via tanto na rua aqueles enormes grupos que costumavam agitar o centro da cidade. Mesmo assim, para garantir a segurança, a Polícia Militar destinou 500 homens para o policiamento da festa.
Na 11ª Oktoberfest aconteceu o badalado retorno de Helmuth Högl, porém, já era grande o sucesso das bandas locais. Outro atrativo daquele ano foi o desfile, que tinha como uma das maiores atrações a Centopéia do Chope, atualmente conhecida até na Alemanha. A Oktoberfest de 1994 teve um público de 827 mil pessoas, e o consumo de chope ficou em 501 mil litros.
Em 1995 existia uma grande preocupação quanto ao futuro da Oktoberfest. O público havia mudado e a disposição dos blumenauenses em relação ao evento também se tornara diferente. Por isso os organizadores anunciaram uma festa de qualidade, investiram na decoração dos pavilhões e convidaram para a abertura da festa o grupo folclórico Finkenwarder Speeldel, de Hamburgo, um dos mais premiados da Europa.
A expectativa era de um público superior a 800 mil pessoas e o resultado final apontou 929 mil. Mesmo assim, a rede hoteleira de Blumenau criticou as operadoras de turismo que não estavam mais investindo na Oktoberfest. Em 1995 a média de ocupação dos 4.200 leitos de Blumenau foi de 75%, bem abaixo dos bons tempos. Apesar dos percalços, a festa foi considerada muito boa pelos turistas, que deram boas notas numa pesquisa feita durante a Oktoberfest.
A animação nos pavilhões continuava a mesma, com a banda alemã Die Odenwälder sendo uma das estrelas. A outra grande atração era a banda Cavalinho Branco, que também já tinha conquistado os alemães. O vocalista da Die Odenwälder, Michael Lochner, grande astro das apresentações, estava nesse ano se despedindo de sua banda para viver no Brasil e integrar a Cavalinho Branco.
A Oktoberfest de 1996 começou com uma fisionomia diferente para os freqüentadores da Proeb. Dando prosseguimento ao projeto de transformar o complexo numa vila germânica, os administradores substituíram os antigos quiosques de venda de alimentos e lembranças por estruturas de alvenaria. Esta reforma fez da Proeb um local ainda mais agradável.
Na 13ª edição os organizadores dirigiram a divulgação a um público de maior poder aquisitivo, e procuraram atrair uruguaios e argentinos para o evento. A estratégia foi um sucesso, mas o número final da Oktoberfest acusou uma queda acentuada de público: 515 mil pessoas. Para uma festa famosa por receber até 1 milhão de pessoas, esse placar era muito modesto. A mudança estimulou grandes debates, mas o fenômeno se repetiria em 1997.
Pela primeira vez numa Oktoberfest uma princesa se tornaria rainha. Elisandra Schlindwein, eleita princesa em 1995, foi coroada rainha em 1996. A 13ª Oktoberfest foi marcada também por um acidente com o secretário de Turismo, Norberto Mette, dias antes da abertura do evento. Mette, que até ali comandava a festa, teve que se contentar em participar da Oktoberfest numa cadeira de rodas. A edição também foi o marco de passagem do vocalista alemão Michael Lochner, da famosa Die Odenwälder, para a banda Cavalinho Branco.
As várias avaliações da Oktoberfest feitas nos anos anteriores apontavam uma realidade pouco animadora: o blumenauense, que sempre fora considerado o elemento de maior atração da festa, estava cada vez mais ausente. Por isso, ao se reunir pela primeira vez em 1997, a Comissão Central Organizadora decidiu que o blumenauense seria atraído de volta à festa. Esta era uma necessidade imediata. Mas neste ano seria impossível pensar em grande divulgação, pois a Proeb dispunha de escassos recursos para investir na mídia.
Mesmo assim, foi feito um trabalho com a rainha, as princesas, banda e grupo folclórico, em várias cidades do Brasil. Deu resultado, mas o principal foi que o blumenauense reapareceu, a festa ganhou muitos elogios por sua qualidade. No fim, o placar apontou 500 mil pessoas, um número considerado muito bom pelas condições em que a festa se realizou. A chuva intensa, o alarde da imprensa em relação ao fenômeno El Niño, e as precárias condições da BR 101 ajudaram muito a afastar o turista.
Mas o principal acontecimento do ano foi a revalorização das tradições da cidade. Ela se deu no Pavilhão Cultural, onde se reuniram os grupos folclóricos e foram exibidas as várias facetas da cultura local.
Sem previsões pessimistas do serviço de meteorologia, como acontecera em 1997, a 15ª edição da Oktoberfest começou com mais tranqüilidade. O sucesso musical do ano foi a Banda Cavalinho Branco, que há algum tempo fazia um gênero pop, fugindo um pouco do estilo das bandas locais. Surgiu também em 1998 a banda Vox 3, grupo que investiu no gênero "chucrute music" e lotou os pavilhões onde se apresentou. Neste ano aconteceu ainda o Oktoberfestival, promoção paralela à Oktoberfest que trouxe grupos e cantores de renome nacional, para se apresentarem num palco ao lado da Proeb.
A chuva, no entanto, estragou parte da programação. Dentro do pavilhão, as bandas contratadas poderiam tocar qualquer gênero de música, desde que 80% do repertório fosse de músicas alemãs tradicionais. Novamente foi instalado o Pavilhão Cultural, onde se concentraram shows folclóricos, desfiles de trajes típicos e várias atividades artísticas e culturais, reforçando a importância da cultura alemã na festa.
Umas das atrações de 1998 aconteceu nos desfile, com a nova Centopéia do Chopp, totalmente remodelada, montada com acentos na forma de barril. Dias antes da abertura da festa em Blumenau, a Centopéia havia aberto o desfile da Oktoberfest de Munique, Alemanha, mostrando aos europeus o espírito irreverente do Brasil.
A edição de 1998 foi considerada um sucesso, tendo sido registrada a presença de 607 mil pessoas.
Quase 40 anos depois de ter sido inaugurado, o Pavilhão A foi reformado. O local onde a Oktoberfest iniciou, recebeu placas de acrílico, novo piso e pintura. As reformas se estenderam ao Pavilhão B, que também recebeu nova pintura e nova instalação elétrica. A rua Humberto Campos, principal acesso à Proeb, foi reurbanizada.
Mas a preocupação com a Oktoberfest de 1999 não ficou apenas nas reformas. Pela primeira vez os clubes de caça e tiro trouxeram um estande para a festa e o público pôde testar sua pontaria com armas de ar comprimido. Esta promoção visou popularizar uma das principais atividades dos clubes que mantêm a tradição trazida por imigrantes há quase 150 anos. A participação dos clubes de caça representou parte do esforço da Proeb em fazer as raízes alemãs se sobressaírem na Oktoberfest. Este trabalho se intensificou a partir de 1997, quando o Pavilhão A se tornou o Pavilhão Cultural.
Depois da surpresa com a nova Centopéia do Chope, em 1998, a novidade de 1999 foi a Locopéia, uma réplica da primeira locomotiva que fazia o transporte entre Blumenau e o litoral no início do século. As evoluções dessa máquina exótica se tornaram uma das grandes atrações dos desfiles. No plano musical as atenções continuaram em duas bandas da cidade: a Cavalinho Branco e a Vox 3. Ambas fizeram um estrondoso sucesso em 1999.
O público da festa voltou a crescer, havendo o registro de 607 mil pessoas na Proeb.
Em 2000 a Oktoberfest foi uma das melhores maneiras de celebrar os 150 anos de história de Blumenau. Na festa estava estampada, mais do que em qualquer outro momento, o orgulho da origem alemã e da herança cultural. A decoração e os desfiles deram destaque ao sesquicentenário. Nessa edição, a soma do público desde a primeira festa ultrapassou 12 milhões de pessoas e o consumo 7,5 milhões de litros de chope.
Pela primeira vez na história da Oktoberfest, o cartaz oficial foi selecionado por votação popular. Os cartazes que concorreram ficaram expostos no Pavilhão B da Proeb e no Shopping Neumarkt. O Jornal de Santa Catarina publicou a foto dos cartazes e imprimiu uma cédula para que seus leitores pudessem escolher e enviar seus votos à Proeb. Quase três mil pessoas se manifestaram nas urnas.
O ano foi também de homenagem ao maestro alemão Helmut Högl, autor da canção Hallo Blumenau, que praticamente se tornou o hino da Oktoberfest. Helmut faleceu aos 64 anos, no dia 17 de junho, em Munique. Sua presença em sete edições da Oktoberfest foi um marco na história da festa. Por isso, por iniciativa do prefeito municipal, o Pavilhão A da Proeb passou a se chamar Pavilhão Helmut Högl.
Nos desfiles, uma nova máquina exótica: o Bondepéia, destinado a passeios turísticos. A Centopéia do Chopp, a Locopéia e, agora, o Bondepéia passaram a ser chamados de Planeta Péia. No Pavilhão C houve uma mudança. Um palco redondo substituiu o tradicional e sua localização também foi alterada, na tentativa de melhorar a acústica. Deu resultado.
Em 2001 a festa começou dia 4, menos de um mês depois dos atentados terroristas do dia 11 de setembro em Nova York. A comoção e o temor de um conflito de grandes proporções ainda inquietavam muita gente. Por isso a festa foi aberta com uma exaltação à paz da qual nosso país desfruta. O único inconveniente dos primeiros dias de festa foi a ameaça de chuva, que havia inundado algumas ruas da cidade no dia 1º de outubro. Acabou que o tempo ficou bom a maior parte de outubro.
A inovação do ano foram os desfiles internos no complexo da Proeb, às quintas-feiras, sextas-feiras e sábados, com a rainha e princesas da Oktoberfest, banda típica, Vovô e Vovó Chopão, grupo folclórico, a equipe do Chope em Metro e clubes de caça e tiro. Nos desfiles na cidade, mais uma novidade do Planeta Péia: o Fuscopteropéia, um veículo mais parecido com um cruzamento de triciclo com helicóptero.
O Caminhão da Sorte da Caixa Econômica Federal esteve em Blumenau e fez sorteios das loterias dentro do complexo da Proeb. Os bilhetes da extração 3586-6, do dia 13 de outubro, da Loteria Federal, foram ilustrados com o Vovô Chopão, como no cartaz da 18ª edição.
A rua Humberto Campos, principal acesso à Proeb, se tornou um calçadão, com controle rigoroso de trânsito e venda de bebidas. Uma particularidade deste ano foi que em nenhum lugar, inclusive nos estacionamentos, se permitiu o uso de caixas de som em carros. Isto também se aplicou à Beira Rio e Rua XV, no Centro, onde tradicionalmente se formava uma babel sonora, com muitos decibéis acima do permitido. Esta medida ganhou aplauso da maioria.
Depois de oito anos, a Oktoberfest voltou a ter 17 dias. Da segunda à décima edição (1985 a 1993) a duração da festa era esta, o que até foi imortalizado nos versos "17 dias de folia. Música, cerveja e alegria...", do hino Hallo Blumenau, composto pelo maestro alemão Helmut Högl. A partir de 1994, a Oktoberfest passou a ter 18 dias, um crescimento significativo em relação à primeira edição (1984), que durou apenas 10. O "encolhimento" de 2002 não foi proposital, mas decorrência das eleições presidenciais e estaduais, que se realizaram em dois turnos, caindo o segundo num domingo. Por isso, pela primeira vez a festa terminou num sábado.
Um dia a menos não significou festa menor, muito pelo contrário. A 19ª Oktoberfest foi grandiosa como as demais, e com novidades, principalmente na decoração dos pavilhões da Proeb, quase uma superprodução. A novidade, que deu aos pavilhões ares de cidade alemã, foi trazida pela Cervejaria Kaiser, pela primeira vez participando da festa e com exclusividade. Até então só as cervejarias Antarctica e Brahma haviam participado da Oktoberfest. A primeira, em todas as edições; e a segunda a partir de 1990.
Outra novidade foi a contagem regressiva a poucos segundos da meia-noite, feita em sincronia em todos os pavilhões às sextas-feiras e sábados. À meia-noite reinou o clima de carnaval, mas com músicas alemãs, naturalmente. Para estas novidades, a nova patrocinadora da Oktoberfest contou com o apoio de renomados profissionais, como o cenógrafo Abel Gomes na decoração dos pavilhões e o diretor global Jorge Fernando como consultor artístico. A Kaiser ainda aproveitou a oportunidade para lançar oficialmente novos tipos de chope.
No campo das inovações, esta edição teve ainda o Chope em Metro Eletrônico, em que o tempo dos bebedores inveterados foi marcado pelo ponto computadorizado.
Duas décadas se passaram desde que a Oktoberfest começou a mostrar que o Brasil é também um pouco alemão. E essa característica, tão peculiar, se destacou ainda mais com a divulgação feita pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao receber a rainha e princesas da 20ª edição no Palácio do Planalto. Esta recepção foi assunto de capa dos principais jornais do país e dos noticiários da TV, que mostraram Lula de chapéu típico e exibindo uma bermuda alemã.
Lula também se tornou o primeiro presidente da República a participar da Oktoberfest. Sua presença no palanque contribuiu para que o primeiro desfile, no dia 3 de outubro, fosse o mais concorrido dos 20 anos de festa. Havia uma atmosfera de euforia no ar.
A comemoração de duas décadas ainda teve outros destaques. A Proeb construiu mais um pavilhão, que substituiu o Ginásio de Esportes, o Galegão, ocupado até 2002 com o nome de Pavilhão D. O novo, batizado de Oswaldo Fiedler, em homenagem a um dos maiores incentivadores da Oktoberfest, se tornou definitivamente o Pavilhão D.
Nessa comemoração também se resgatou um nome que marcou a festa para sempre: Helmut Högl. Naturalmente o nome do maestro, falecido em 2000, e que compôs o hino da Oktoberfest, sempre é lembrado. Mas em 2003 foi a banda do filho de Helmut que esteve em Blumenau. Michael Högl, por sinal, é co-autor do hino Hallo Blumenau, e veio pela primeira vez com sua banda se apresentar na festa. A Högl Fun Band foi um sucesso.
A festa dos 20 anos teve ainda uma surpresa: a banda California Repercussions, da cidade de Redwood, nos Estados Unidos. Essa foi a primeira vez que se abriu exceção e uma banda estrangeira sem características alemãs se apresentou. A California Repercussions apresenta-se no mundo inteiro e estava viajando pelo Brasil. Ela é formada por ex-integrantes de bandas marciais de universidades americanas. No seu repertório não havia músicas típicas, mas rock, jazz e blues.
A 20ª Oktoberfest mais uma vez teve uma bela decoração e registrou um público de 605.538 pessoas.
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