Oktoberfest 2008 | 25/10/2008 16h44min
Ufa! Pensei que não estaria aqui para contar essa história. Com tanta chuva (e vários desfiles cancelados) achei que restaria falar sobre a frustração de não desfilar. Ainda bem que estava enganada.
E também se engana quem pensa que o desfile começa na Rua XV. Pode até ser assim para quem assiste. Quem faz acontecer o evento que se tornou uma das grandes atrações da Oktoberfest inicia os preparativos bem antes. No meu caso, o ponto de partida foi conseguir uma vaga na Garotapéia. Descobri que os brinquedos do Planetapéia são pra lá de concorridos. Há fila e até sorteio. Se desfilar em qualquer lugar é maravilhoso, desfilar nas "péias", nem se fala. Depois de conseguir a vaga mais disputada que vestibular de Medicina, a espera foi longa. Foram três cancelamentos. Em um deles o desfile até ocorreu, sem os brinquedos, o que determinou minha ausência.
Quarta-feira passada deu tudo certo. Já tinha passado horas na costureira para ajustar o elaborado traje obrigatório uma semana antes e estava cansada de ouvir frases do tipo: "Você dá azar" ou "Desiste que o sol aparece".
Ao chegar na Vila Germânica fui me certificar de que não era a única estreante, sinal de que não seria eu a pé-frio. Logo encontrei uma novata na Garotapéia: a encarregada financeira Patrícia Girolla, 36 anos. Seria ela minha companheira de pedaladas até a nova concentração, na Rua Alameda Rio Branco. E que pedaladas suadas. Há um certo sofrimento por trás daquelas animadíssimas mulheres. Pedalei tanto quanto andei até a janela de casa para conferir se a chuva dava trégua.
Hugo Loth, 57 anos, único homem na Garota, havia passado as instruções. Conseguimos cumprir tudinho, exceto uma acelerada que quase fugiu ao controle na descida da Rua 7 de Setembro. Ali já foi possível sentir a emoção que é um desfile de Oktoberfest. As pessoas param o que estão fazendo para ver o Planetapéia passar. Enfim, compreendi o que uma das organizadoras, Catarina Furlan, 55, havia me antecipado.
- Você precisa sentir. Só sentindo, não tem como explicar - dizia.
Senti. Estou aqui justamente para explicar e não é fácil. Simplificando, posso dizer que um desfile como esse dá um poder especial a qualquer um. O poder de distribuir alegria, de arrancar sorrisos. Em pouco mais de três horas (contando a saída e o retorno à Vila Germânica), vi muita gente feliz. Constatei que o desfile não é uma apresentação e só. É uma injeção de ânimo! Uma troca de sentimentos.
Saí dali emocionada, transbordando satisfação. Duvido que para qualquer um presente na Rua XV naquela noite tenha sido diferente. Pode ser eu, uma jornalista de 27 anos, ou quem for - jovem, idoso ou criança, empresário ou desempregado. Isso é o mais sensacional. Não fui eu quem arrasou. Foi o desfile. Ele é um arraso.
JORNAL DE SANTA CATARINAGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2008 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.