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 | 19/03/2011 19h20min

Klécio Santos: um teste para os caças Rafale

França usa na Líbia caças que deseja vender ao Brasil

KLÉCIO SANTOS*  |  klecio.santos@gruporbs.com.br

Ao mesmo tempo em que Barack Obama visitava o Brasil disposto a fazer lobby pelos caças F-18 americanos na bilionária concorrência para a modernização da Força Aérea Brasileira, o principal rival dos EUA, os supersônicos franceses Rafale, bombardeavam as tropas de Muamar Kadafi na Líbia.

Obama concordou com os ataques quando estava a sós com Dilma Rousseff, na manhã de hoje, no Palácio do Planalto. Avisado por um bilhete de um assessor da urgência de uma reposta das forças aliadas, Obama autorizou a participação dos EUA nas operações de guerra.

Os ataques dos Rafale ocorrem em um momento em que os franceses perdem protagonismo na disputa da FAB. O Rafale já vem sendo usado no Afeganistão, mas seu emprego na Líbia pode servir como instrumento de propaganda, já que os combates ali estão sob os holofotes da mídia, que tem dado pouca cobertura ao combate contra os talibãs.

O emprego deles na Líbia também serve para esvaziar as acusações de que os Rafale não foram testados em combate, uma clara desvantagem diante da eficácia bélica dos F-18.

Nicholas Sarkozy não negocia os caças da Dassault apenas com o Brasil. Índia e Emirados Árabes também estão interessados nas máquinas de guerra. Os Emirados Árabes, aliás, estavam prestes a fechar negócio em fevereiro, mas o acerto foi adiado justamente por causa do entrevero em território líbio.

Cerca de 20 aviões militares franceses participam das operações desta tarde. O porta-aviões Charles de Gaulle é quem transporta os Rafale, que segundo o especialista em assuntos militares Nelson Düring é indicado para esse tipo de operação por conta dos equipamentos de reconhecimento, como sensores de visão térmica e mísseis de precisão, o que poderia ser usado para fazer uma linha de separação entre os rebeldes e as tropas pró-Kadafi.

*Editor-chefe da Sucursal de Brasília

Confira a cronologia dos ataques, com horários aproximados:

11h: em
reunião a portas fechadas  com Dilma Rousseff, o presidente americano recebeu informações sobre a situação na Líbia. Ele interrompeu a conversa e autorizou as ações no país. Logo depois, teria explicado para a presidente do Brasil que a intervenção se tratava do diálogo sobre o impasse no país africano.

13h45min, primeiro ataque da França: o primeiro ataque ocorreu às 16h45min (13h45min no Brasil). Segundo o Estado-Maior do Exército da França, o disparo foi contra um veículo das forças de Kadafi.

Após esta primeira ação, os aviões franceses —Rafale e Mirage 2000 — realizaram outros três bombardeios, destruindo vários tanques do exército líbio na região de Benghazi, reduto dos rebeldes no leste do país.

17h10min: em entrevista coletiva em Brasília, Obama anunciou que autorizou "operação militar limitada" na Líbia.

17h30min: O Pentágono divulgou um comunicado com o lançamento de 110 mísseis Tomahawk pelos EUA e pelas forças britânicas contra alvos estratégicos na Líbia.

18h: A TV estatal líbia anunciou neste sábado que um avião francês foi abatido sobre Njela, distrito de Trípoli, por baterias antiaéreas das forças leais ao coronel Muamar Kadafi.

18h50min: na TV estatal Líbia, Kadafi ameaçou atacar alvos "civis e militares" no Mediterrâneo. Anunciou o uso amplo de armamento militar no mar e na África, espaço que, segundo ele, "se tornou um verdadeiro campo de batalha".



Confira o especial "Guerra na Líbia":

Veja mapa da região dos ataques:
Visualizar Caça da França faz primeiro disparo contra veículo pró-Kadafi na Líbia, diz porta-voz em um mapa maior

 
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