Obama no Brasil | 18/03/2011 03h55min
Antes de completar cem dias de governo, a presidente Dilma Rousseff recebe a visita de Barack Obama, líder da maior potência do planeta. Ambos têm façanhas no currículo: ele foi o primeiro negro a ser eleito para a presidência, ela, a primeira mulher no Brasil. Mas, enquanto Obama é orientado para o marketing, Dilma tem sido reservada. Tanto que a decisão do americano de fazer um comício na Cinelândia, no Rio, provocou desagrado no Planato.
Na liturgia do poder, seria previsível que um presidente brasileiro recém-eleito visitasse o vizinho poderoso. Obama inverteu a mão da viagem, na avaliação de especialistas, para poder definir tema e ritmo dos contatos.
— Quem visita tem prerrogativas, como definir a agenda — resume José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior, lembrando que o Brasil é um dos poucos países com os quais os EUA têm superávit comercial. — Ele tomou a iniciativa porque quer aumentar ainda mais esse superávit.
Nos dois últimos anos, os americanos venderam ao Brasil mais do que compraram por aqui. Boa parte do resultado se deve à valorização do real, que deixa produtos brasileiros mais caros em dólares. Mas empresários também atribuem a inversão do saldo — até 2008, o Brasil era superavitário — à suposta má vontade do ex-chanceler Celso Amorim. Durante o governo Lula, não houve sequer uma missão oficial empresarial aos EUA. O sucessor de Amorim, Antônio Patriota, é considerado menos implicante. Sua mulher, Tania Cooper, americana naturalizada brasileira, vai ciceronear a primeira-dama Michelle Obama.
— A viagem é sobre recuperação dos EUA, exportações e a relação crucial que a América Latina tem com o futuro econômico e nossos empregos — confirmou Mike Froman, vice-conselheiro de segurança para política econômica internacional.
Um ganho potencial dos EUA também seria bom para o Brasil. A dispensa de visto para visitas de até 90 dias, calcula a US Travel Association, faria o gasto de brasileiros e chilenos chegar a US$ 10,3 bilhões, gerando 95 mil empregos. João Marcus Marinho Nunes, professor da Fundação Getulio Vargas especializado em economia americana, aponta outra meta:
— Os EUA competem com a China por influência global. Um discurso em praça pública no Brasil vai mostrar ao mundo esse poder.
A estada é curta, avalia o diretor de relações governamentais da Câmara Americana de Comércio (Amcham), Eduardo Fonseca, mas promissora:
— Como a presidente Dilma vai a Washington em junho, o que for encaminhado pode se efetivar em curto prazo.
Mesmo na Cúpula Empresarial Brasil-EUA, promovida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), está programada apenas uma apresentação protocolar de Obama. O gaúcho Paulo Tigre, presidente do Conselho de Integração Internacional da CNI, participa do encontro e do almoço no Itamaraty, que também será regado a vinhos de Bento Gonçalves, na Serra.
>>>Leia mais na edição de Zero Hora desta sexta-feira
Exército reforça segurança no Teatro Municipal do Rio onde agenda de Obama prevê discurso
Foto:
FABIO MOTTA
/
AGENCIA ESTADO
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2011 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.