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 | 05/11/2005 21h33min

Documento da Cúpula sai com duas posições sobre Alca

Discussão foi adiada para após reunião da OMC em Hong Kong

O documento final da 6ª Cúpula das Américas reflete as diferenças existentes no continente sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca). As delegações dos 34 países optaram por incluir no texto as duas posturas sobre o tema e adiar a resolução da discussão para um encontro após a reunião da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), que será realizada em Hong Kong em dezembro.

– Os acordos de livre comércio são isso, acordos que levam em conta a diversidade dos países – declarou o presidente chileno, Ricardo Lagos, após a reunião.

Lagos acrescentou que "há países menores e maiores e não pode haver regras iguais para todos porque não seriam eqüitativas neste momento".

Após dois dias de negociações e acusações mútuas entre os que defendiam a reativação do projeto da Alca e os que se opunham a incluir datas ao processo, foi mantido o impasse na redação da declaração final da Cúpula das Américas. Nem as tentativas feitas no começo da manhã pelo presidente mexicano, Vicente Fox, em diminuir o tom de suas críticas ao Mercosul, ao qual na sexta-feira acusava de bloquear as negociações por "seus próprios interesses", nem uma iniciativa apresentada pelo Panamá fizeram com que os presidentes fechassem o acordo segundo a agenda prevista.

– Meu amor é amplo e total pelos dois, pelo Mercosul e por a Alca, e se minha proposta de casamento não for aceita, continuarei insistindo e dando mais o amor ao Mercosul e à Alca – disse Fox em entrevista coletiva.

A iniciativa da maior parte dos participantes, a pedido de Estados Unidos e México, de realizar uma reunião de ministros até abril de 2006 para reativar o processo, bateu de frente com a negativa dos países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) de não estabelecer datas. O Mercosul se mostrou inflexível no argumento que não tinha sentido continuar as discussões antes da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio, que no mês que vem promove uma reunião em Hong Kong.

México, Canadá, Chile, Colômbia, Guatemala, Honduras, Panamá, Peru, os países da Comunidade do Caribe (Caricom), Costa Rica, El Salvador, Nicarágua, República Dominicana e Estados Unidos apoiaram um texto no qual se comprometiam a "reunir-se até abril de 2006 para examinar e superar as dificuldades existentes a fim de avançar nas negociações da Alca". Por sua vez, as nações do Mercosul propunham uma redação na qual se convidava a "levar em conta dificuldades que surgiram no processo da Alca e que impediram o cumprimento do compromisso de concluir as negociações em janeiro de 2005".

O parágrafo acrescentava que o reconhecimento de que "não houve condições necessárias para obter um acordo de livre comércio em nível hemisférico, equilibrado e eqüitativo" e assumia o compromisso de instruir os responsáveis de comércio de cada país para "avaliar o processo e apresentar recomendações".

Panamá, um dos dois países representados por seu vice-presidente, o também chanceler Samuel Lewis Navarro, apresentou uma proposta na qual se contemplava uma reunião ao longo de 2006, mas para "examinar as dificuldades do processo Alca", e não para "examinar e superar as dificuldades a fim de avançar nas negociações", como figurava no texto apoiado pela maioria dos países.

– Levamos em conta as dificuldades que teve o processo de negociações da Alca e reconhecemos a contribuição significativa dos processos de integração econômica e a liberalização do comércio das Américas – começava o documento apresentado pelos panamenhos.

Alguns presidentes, incluído o americano, George W. Bush, já tinham abandonado a reunião antes que fosse adotada a decisão de incluir as duas posturas no documento final.

AGÊNCIA EFE
 
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