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 | 11/08/2005 17h03min

Mercadante culpa gestão de Dirceu no PT e fala de expulsão

Declarações foram feitas pelo senador após afirmações de Duda na CPI

Sem citar os nomes do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e do deputado José Dirceu (PT-SP), o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), desabou em críticas sobre os dirigentes que coordenaram a campanha do partido em 2002. As declarações foram feitas após as revelações do publicitário Duda Mendonça à CPI do Correios. Duda revelou ter aberto conta no Exterior para receber pagamentos irregulares da campanha por intermédio de depósitos de Marcos Valério Fernandes de Souza.

– Não é possível, dois anos e meio depois, você ficar sabendo, através de um processo como esse (CPI), de contratos de empresas no exterior e de formas de pagamento que são inaceitáveis na democracia brasileira. E, seguramente, quem participou ou quem tomou decisão sem consultar o partido vai ser punido. Alguns serão afastados e outros seguramente serão expulsos – disse Mercadante.

Duda depõe junto com a sócia Zilma Fernandes. Ela admitiu ter recebido em dinheiro R$ 300 mil, no ano de 2003, referentes aos gastos da campanha em 2002. Segundo Zilmar, outros R$ 11,5 milhões foram pagos com depósitos numa conta bancária aberta num paraíso fiscal. Zilmar contou ter ouvido de Marcos Valério que ele "não poderia efetuar o pagamento através das instituições financeiras brasileiras".

O publicitário fez questão de ressaltar que Mercadante e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tinham conhecimento dessas informações. O líder do governo contou ter telefonado para Duda Mendonça na semana passada, quando surgiu a informação de que o publicitário havia recebido R$ 15,5 milhões de Marcos Valério. Segundo Mercadante, Duda negou o recebimento do dinheiro. O líder quer explicações dos dirigentes petistas:

– Vários dirigentes e o próprio Duda Mendonça disseram que os custos da campanha eram o que estavam lá (na prestação de contas). A direção do partido foi absolutamente irresponsável. Eu lamento porque algumas pessoas eu conheço há muitos anos. E eu não entendo por que essa verdade não foi dita antes. Quando eu vejo histórias como essa eu não reconheço o PT. O PT que eu ajudei a fundar e a construir não é esse partido – disse.

Mercadante isentou o presidente Lula, mas admitiu que os dirigentes do PT em 2002 – entre eles José Dirceu, que era presidente nacional do partido – precisam se responsabilizar pelas irregularidades. O senador, porém, admite continuar líder do governo no Senado.

– Com relação ao presidente Lula, tenho certeza que ele não tem qualquer responsabilidade. Quando eu vejo histórias como essa eu não reconheço o PT. O PT que eu ajudei a fundar e a construir não é esse partido. Os dirigentes não tinham o direito de fazer isso com a nossa militância, com a nossa história, mas eu sou líder do governo. Não sou daqueles que abandonam um projeto.

As informações são da Agência O Globo.

 
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