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 | 17/03/2005 20h10min

Disputa de partidos por ministérios atrasa reforma

PT faz pressão para permanecer nas Cidades e no Trabalho

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta resistências da militância do PT para finalizar a reforma ministerial e anunciá-la no começo da próxima semana. São dois os maiores problemas de Lula: a falta de espaço no governo para acomodar tantos ministeriáveis e a pressão para que pastas consideradas estratégicas continuem em mãos petistas.

Pelo desenho atual da reforma, segundo interlocutores do presidente, o partido tem grandes chances de perder os ministérios da Saúde e o das Cidades. Humberto Costa, que comanda a Saúde, deve deixar o governo. No caso de Olívio Dutra, das Cidades, o destino ainda está indefinido. O presidente poderia deixá-lo onde está ou levá-lo para o Ministério do Trabalho, fazendo com que o colega Ricardo Berzoini retomasse suas funções como deputado federal.

Com a demora do anúncio (a reforma vinha sendo prometida desde outubro do ano passado) e todas as possibilidades dispostas na mesa, o PT faz pressão para permanecer com pelo menos um desses dois postos, por considerá-los cruciais na disputa eleitoral de 2006.

Ciro Gomes (PPS), atual titular da Integração Nacional, deve ir mesmo para o Ministério da Saúde, abrindo espaço para o PP nas Comunicações, já que o ministro Eunício Oliveira (PMDB), dono da vaga, o substituiria na Integração. Assessores de Eunício dizem, porém, que ele não quer sair do posto. Além do apego pelo ministério, tem interesse de que o PMDB continue no controle dos Correios, estatal de orçamento robusto.

O mesmo interesse, no entanto, tem o PP, legenda aliada sem lugar na Esplanada que se fortaleceu com eleição de Severino Cavalcanti (PE) na presidência da Câmara e para quem já foi oferecida a pasta das Comunicações.

Um deputado petista próximo às negociações da reforma afirmou que o presidente não sabe onde colocar a senadora Roseana Sarney, que deve deixar o oposicionista PFL. Há poucos dias atrás, Rosenana era cotada para assumir a pasta das Comunicações.

– Não há espaço. Então, o lugar mais provável seria as Cidades. O problema é que o PT não pode perder tanto assim –disse.

Outra equação difícil é o destino do ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo (PCdoB). O PT quer tirá-lo da pasta a qualquer custo, sob pretexto de que as eleições de 2006 exigem um ministro do partido no comando. De olho na vaga de Aldo está o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP), também firme na pretensão de se candidatar ao governo de São Paulo. As resistências, porém, são grandes, principalmente do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), também pré-candidato. Segundo petistas, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, principal aliado de Lula nas articulações da reforma, defende o nome de João Paulo, mas evita se indispor com Mercadante.

Na lista de demissionários petistas não há somente ministros. O líder do governo da Câmara, deputado Professor Luizinho (SP), já sabe que será substituído. Para seu lugar, mas ainda sem apoio absoluto dentro e fora do partido, está o deputado Arlindo Chinaglia (SP), ex-líder da bancada na Casa, tido como um nome forte para a liderança.

As informações são da agência Reuters.

 
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