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Jornal liga ministro dos Esportes a lobby por liberação de bingos

Ministério receberia recursos para pressionar governo

O jornal Folha de São Paulo divulgou neste sábado, dia 21, reportagem baseada em investigações da Polícia Federal que podem provar envolvimento do ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz, com irregularidades em bingos. Conforme a Folha, Queiroz foi citado em uma conversa telefônica gravada pela Operação Anaconda como alguém que poderia contribuir para a liberação dos bingos no Estado de São Paulo.

A gravação, datada de 19 de maio de 2003, ocorreu entre um representante de um empresário do setor de bingos, Carlinhos (não é o mesmo Carlinhos Cachoeira envolvido no escândalo Diniz), e um agente atualmente detido por envolvimento em atos ilícitos da Polícia Federal. Os dois discutiam a melhor forma de reabrir casas que a polícia fechara no interior paulista.

No diálogo, Carlinhos sugere que a Associação Brasileira dos Bingos (Abrabin) desperdiçou muito dinheiro "pagando deputado" em Brasília, e revela que, em sua opinião, "a coisa deveria ser feita direta com o ministério". O interlocutor do policial ainda diz que já participou de três audiências com Queiroz, mas que as conversações não avançaram porque "o ministro não tem nada sobre números e ele está precisando de números porque cortaram a verba dele".

Conforme o jornal, o ministério dos Esportes e Turismo, posteriormente dividido em duas pastas, sofrera um corte de recursos alguns meses antes da gravação da conversa. Os "números" seriam referentes à verba suplementar que os bingos pagariam à pasta. Se os bingos já estivessem funcionando de forma legal conforme anteprojeto elaborado sob a coordenação da Casa Civil, o Esporte receberia R$ 80 milhões a mais, como mostra um estudo feito pela Caixa Econômica Federal.

O ministro do Esporte, Agnelo Queiroz (PC do B), na pasta desde 1º de janeiro de 2003, confirmou à Folha ter recebido representantes do setor no ano passado em pelo menos duas ocasiões para conversar sobre a legalização dos bingos. Afirmou, no entanto, não ter acatado as suas sugestões.

Empresários da área de bingos de São Paulo ouvidos pela Folha sobre a gravação afirmaram que Carlinhos representava um pequeno grupo de proprietários, e não tinha autoridade para falar em nome da Abrabin. Os entrevistados ainda avaliaram que a conversa era apenas especulação de um pequeno grupo que buscava um trunfo para concorrer à presidência da Associação Brasileira de Bingos.

 
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