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 | 25/09/2003 07h27min

Manobras para adiar votação da reforma irritaram o governo

O clima que esteve quente durante as intermináveis horas que foram necessárias para a aprovação do texto básico da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça do Senado ficou ainda pior depois que PFL e PSDB, ajudados pelo PDT e pela petista Heloísa Helena (AL), mantiveram a interminável leitura de relatórios alternativos ao parecer do relator Tião Viana (PT-AC) sem permitir contra-argumentação. Irritada com a humilhação, a base aliada anunciou que iria iniciar a discussão da proposta previdenciária a qualquer custo. E apresentou requerimento para impedir as próximas leituras.

– Não queremos a ditadura da maioria mas também não aceitamos da minoria – reagiu Mercadante.

Instaurado o tumulto na comissão, os senadores da oposição batiam nas mesas e acusavam o governo de "truculência''. O líder tucano, Arthur Virgílio (AM), declarou guerra ao governo, dizendo que os acontecimentos na CCJ mudarão a postura do PSDB no Congresso, e avisou que irá obstruir todas as votações de interesse do governo a partir de agora.

– Vamos ver quanto tempo dura esta euforia (de ser maioria) e vamos mostrar o que a falta de respeito com a oposição faz.

Segundo o senador Romero Jucá (PMDB-RR), a oposição quebrou o acordo feito a portas fechadas momentos antes, quando Mercadante se comprometeu em negociar mudanças à reforma. Pelo acerto, por volta das 23h de quarta, dia 24, seriam encerradas as táticas de obstrução para votar o texto básico.

– Estávamos apanhando e metemos o pé no freio – disse Jucá, que foi vice-líder do governo Fernando Henrique Cardoso no Senado e hoje está na base do governo do PT depois de se filiar ao PMDB este ano.

A oposição encontrou no regimento interno do Senado a brecha ideal para atrasar a sessão – apresentar um sem número de relatórios separados e exigir a leitura de todos eles. A "incoerência do PT'' e a entrada do PMDB no governo foram motivos de deboche.

Mas de olho no plenário, a base governista não usou de sua prerrogativa de tentar interromper a discussão da matéria antes da votação, deixando que os senadores oposicionistas usassem do tempo e criticassem a reforma. Mesmo parlamentares que não fazem parte da comissão puderam falar durante a discussão do mérito, como a senadora Heloisa Helena.

No embate exaustivo, os líderes aliados reclamaram da falta de empenho dos governadores, que exigiram a aprovação de temas polêmicos como a taxação dos inativos.

As informações são da agência Reuters.

 
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