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Radicais do PT são defendidos por oito testemunhas na comissão de ética

A Comissão de Ética do PT ouviu neste domingo, dia 29, pelo segundo dia consecutivo, os parlamentares da ala radical que ameaçam votar contra a reforma da Previdência. Nove testemunhas prestaram depoimento no processo, que pode culminar na expulsão da senadora Heloísa Helesa (PT-AL) e dos deputados João Batista de Araújo (PT-PA), o Babá, e Luciana Genro (PT-RS).

Entre os nove depoentes ouvidos, apenas um foi convocado pela acusação: o deputado federal Paulo Rocha (PT-PA). O deputado federal Lindberg Farias (RJ), o ex-deputado do PT Plínio de Arruda Sampaio, o senador Eduardo Suplicy (SP), o jurista Calmo Dallari e o sociólogo Ricardo Antunes, da Unicamp, testemunharam em favor dos parlamentares.    

Durante a audiência, a direção do PT voltou atrás e mudou o discurso do último sábado, quando cogitava entrar na Justiça para retirar os mandatos dos parlamentares. O secretário de Organização do partido, Silvio Pereira, havia dito no sábado que a cúpula da legenda poderia colocar os suplentes nos assentos dos radicais no Congresso, caso eles mantivessem as críticas contra a reforma da Previdência. No entanto, Pereira afirmou neste domingo que o partido espera um entendimento.

– Não há base legal na tentativa de tirar os mandatos. Além disso, espero que tudo se resolva da melhor forma possível – disse ele.

Manifestantes solidários aos radicais cercaram o deputado federal Paulo Rocha, a única testemunha que prestou depoimento contra os réus, na porta do prédio do Diretório acusando-o de "stalinista". Dizendo estar se sentindo agredido pelas palavras dos manifestantes o deputado afirmou que intolerância não cabe neste caso. Segundo a sua avaliação, o comportamento dos radicais provocou uma quebra de unidade de ação partidária, prejudicando os trabalhos da bancada. Por esta razão, Rocha considera que os parlamentares devem ser enquadrados politicamente.

Uma das testemunha de defesa dos radicais da bancada federal do PT, o jurista Dalmo Dallari, propôs à comissão de ética uma solução conciliatória para evitar a expulsão da ala rebelde: o afastamento dos parlamentares durante a sessão de votação da proposta de reforma previdenciária no Congresso. Para o advogado, a senadora e os deputados não devem ser expulsos do PT.

O senador Eduardo Suplicy (SP), que testemunhou em favor de Heloísa Helena, disse acreditar na possibilidade de uma conciliação. O parlamentar afirmou que fará um apelo aos radicais para que dêem um tratamento melhor, em sinal de respeito, às atitudes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seus ministros. Suplicy enfatizou o histórico da senadora de Alagoas, a quem atribui uma importante participação na trajetória do partido.

A senadora Heloísa Helena, mais uma vez, declarou estar constrangida com a convocação da comissão. A parlamentar também reafirmou que em hipótese alguma votará a favor da reforma.

– Como eu já disse antes, não serei um político vigarista que para fugir de medida disciplinar nega suas convicções – afirmou a senadora, que chorou ao chegar na sede do partido.

De acordo com ela, suas ações não ferem a ética partidária e para expulsá-la será preciso "rasgar o estatuto e romper a tradição democrática do partido". Antes de prestar o seu depoimento, Luciana Genro disse esperar que a comissão esteja aberta para ouvir seus argumentos e que "se prevalecer a vontade do governo de manter o projeto na sua essência, tal como ele está, votarei contra".

Segundo a deputada, somente uma mudança drástica da proposta que exclua, por exemplo, o fim da integralidade da aposentadoria para os aposentados do setor público, poderiam mudar sua opinião. Ela afirmou ainda que a direção do partido não tem legitimidade para obrigar os deputados a votar a favor da reforma, uma vez que quando foi eleita não havia conhecimento sobre a proposta.

Outra testemunha, o deputado federal Lindberg Faria (PT-RJ) afirmou que o partido só deve fechar questão sobre os radicais depois da votação da proposta da reforma previdenciária. Ele aproveitou para criticar a postura da Comissão de Ética.

– Ela não pode propor punição antes do partido fechar questão – disse.

Farias acredita, também, que o crescimento da economia, exaltado pelo presidente Lula, vai amainar a situação. O senador Suplicy seguiu na mesma linha de Lindberg. Disse que o assunto precisa ser debatido pelo partido e lembrou ainda que as críticas às reformas não podem ser encaradas tão negativamente, uma vez que o próprio presidente Lula afirmou que o partido poderá fazer aperfeiçoamento da emenda encaminhada por ele ao Congresso Nacional.

Com informações de Zero Hora, Agência Brasil e Globo News.

 
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