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 | 28/04/2007 16h22min

Máfia da Operação Têmis é suspeita de lavar dinheiro de propina

Empresas teriam sido criadas para maquiar a venda de sentenças por juízes

A organização criminosa desarticulada na Operação Têmis é suspeita de ter montado uma lavanderia de dinheiro para transformar a propina paga em troca de decisões judiciais em recursos de origem legal. As transações, investigadas pela Polícia Federal (PF), seriam executadas por mais de uma dezena de empresas que só existiriam no papel, abertas em nomes de laranjas. Nesta semana, a Agência Globo localizou os registros de nove firmas citadas na investigação e descobriu que nenhuma delas funciona nos endereços informados.

A PF sustenta que as empresas foram abertas sob a supervisão do advogado Luiz Roberto Pardo, mais conhecido como Beto, apontado pelos investigadores como um dos principais integrantes do esquema de venda de sentenças na Justiça Federal de São Paulo. Beto seria o intermediário entre os empresários interessados em comprar as liminares e os magistrados acusados de vendê-las. O dinheiro das comissões que seriam pagas a ele, segundo a PF, era lavado através de notas fiscais falsas, emitidas pelas empresas de fachada, atestando a realização de serviços nunca prestados.

Em São Paulo, pelo menos quatro empresas investigadas têm como endereço o prédio onde fica o escritório de Beto. Funcionários do edifício Camburi afirmaram desconhecer a existência das empresas e nunca ouviram falar nos nomes dos donos registrados na Junta Comercial.

A PF pediu ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) um levantamento da movimentação financeira das empresas investigadas. Estima-se que esse valor seja milionário. Segundo as investigações, o preço de algumas liminares seriam calculados de acordo com o número de empresas beneficiadas. Na denúncia que deu origem ao inquérito, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro acusou o juiz Manoel Alves de cobrar R$ 300 mil por uma liminar em processo sobre matéria tributária.

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