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 | 20/02/2007 12h36min

Transcrição do Legacy indicaria que pilotos estavam despreparados

Familiares de vítimas do acidente da Gol dizem que idioma não foi a causa principal

O fato de os controladores de vôo não dominarem a língua inglesa não foi a questão fundamental para a queda do Boeing da Gol, que resultou na morte de 154 pessoas, em setembro do ano passado. A avaliação é de Luciana Siqueira, da Associação das Famílias das Vítimas do Acidente, que concedeu entrevista hoje á Agência Brasil:

– Pode ser uma falha, mas não foi a causa do acidente.

Segundo Luciana, a transcrição do diálogo da caixa de voz do jato Legacy mostra que os pilotos americanos Jan Paladino e Joseph Lepore estavam despreparados.

– A íntegra da caixa de voz do Legacy mostra que eles estavam procurando o manual – disse Luciana, completando – Eles falavam: 'O que é isso?', 'O que é essa lei internacional?', 'Eu não estou entendendo nada disso.' Além disso, o transponder estava desligado e, em minutos, tudo aconteceu".

A Associação das Famílias teve acesso a uma parte da transcrição do diálogo em dezembro do ano passado. Segundo Luciana, o acesso à transcrição completa, com cerca de 290 páginas, ocorreu neste mês.

Ontem, o ex-presidente da Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo (Abcta), Ulisses Fontenele, disse, em entrevista à Agência Brasil, que o acidente poderia ter sido evitado se os controladores de vôo dominassem a língua inglesa. Segundo ele, menos de 10% dos cerca de 2,5 mil profissionais falam fluentemente inglês.

A representante da Associação das Famílias das Vítimas do Acidente não concorda:

– Apesar de todo o problema com os controladores, a gente nunca os culpou. Sempre tivemos certeza de que a maior culpa de tudo foi dos dois pilotos americanos – afirmou.

Luciana afirmou que peritos de fora da investigação oficial, disseram á Associação que era muito difícil os pilotos não terem nenhuma culpa.

– Eles ficaram perdidos com o avião e estavam com o transponder desligado – esclarece.

Luciana considera também que os pilotos americanos poderiam estar no Brasil ajudando nas investigações da Polícia Federal. Para ela, o tratamento seria diferente se o acidente tivesse ocorrido nos Estados Unidos, envolvendo pilotos brasileiros.

– Se fosse ao contrário, os brasileiros ainda estariam lá esperando o julgamento. 

Os pilotos também respondem processo nos Estados Unidos pelo acidente, com réus. Segundo Luciana, a próxima audiência está marcada para abril.

AGÊNCIA BRASIL

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