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 | 22/11/2006 20h14min

Controladores dizem que há zona cega na região do acidente da Gol

Grupo não reclamou de cansaço no dia da tragédia

O advogado Normando Augusto disse nesta quarta que é unanimidade entre os 13 controladores de vôo que estavam de plantão no dia do acidente com o Boeing da Gol e o jato Legacy da empresa norte-americana ExcelAire a opinião de que existe uma zona cega – área de difícil comunicação – na região da colisão. A informação é contrária ao que argumenta a Aeronáutica, que garante que este o ponto cego não existe e que há, inclusive, uma sobreposição de radares na área.

Augusto representa os controladores, que estão sendo ouvidos pela Polícia Federal. Segundo o advogado, os operadores afirmaram que não houve falhas operacionais no sistema de controle de vôo. Ainda de acordo com o advogado, haveria duas hipóteses para o acidente: indução ao erro por problema do sistema de comunicação e falha dos pilotos do Legacy.

Augusto alega que os controladores fizeram o que deveria ser feito. Além disso, nenhum dos controladores teria reclamado de excesso de trabalho ou de cansaço no dia da tragédia.

Já foram ouvidos, desde segunda, oito controladores, três de São José dos Campos e cinco de Brasília. Eles estão fazendo uma minuciosa descrição de todas as providências que adotaram em relação ao vôo do jato Legacy, de São José dos Campos até Brasília. Nesta quinta, falarão o supervisor, o controlador e o assistente do controlador que monitoravam o Legacy no momento do acidente.

O delegado está tomando os depoimentos em ordem cronológica. Ou seja, primeiro foram ouvidos os controladores que estavam de plantão no momento da decolagem do jato Legacy, em São José dos Campos, e, por último, os que trabalhavam no momento da colisão. O objetivo é reconstituir toda a cadeia de eventos para facilitar a identificação das falhas que levaram ao acidente.

Outro ponto de divergência sobre o caso é a idade do controlador que teria repassado erroneamente informação de que o Legacy estava a 36 mil pés, quando na verdade estava a 37 mil pés. Nesta quarta, o jornal Folha de São Paulo divulgou que seria 20 anos, o que poderia sugerir falta de experiência. O advogado Normando Augusto afirmou que o controlador em questão tem 27 anos e cinco anos de experiência.

Questionado sobre o assunto, o ministro da Defesa, Waldir Pires, afirmou desconhecer a informação:

– Não fui informado da idade do controlador, não tenho essa informação, não posso dizer a idade, mas a Aeronáutica me garantiu que, independentemente da idade, todos os controladores de vôo estão devidamente treinados e preparados.

Na terça, durante audiência pública no Senado, o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Luiz Carlos da Silva Bueno, afirmou que o controlador de vôo de Brasília que monitorava o jato Legacy foi induzido a pensar que a aeronave voava a 36 mil pés a partir de Brasília, como previsto no plano de vôo original. Isso foi entendido como o reconhecimento da Aeronáutica de que houve falha do tráfego aéreo.

Para os familiares das vítimas, o “erro maior” foi dos pilotos do Legacy, porque deveriam ter seguido o plano de vôo, independentemente da falha na comunicação com os controladores.

– Já estávamos sabendo de uma falha de comunicação no início do vôo. Mesmo com essa orientação indevida, ele (piloto do Legacy) poderia ter corrigido isso durante o vôo, seguindo o plano de vôo – afirmou Luciana Siqueira, relações públicas da Associação dos Familiares e Amigos do Vôo 1907.

AGÊNCIA O GLOBO
 
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