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 | 26/08/2002 16h09min

Reforma agrária e tributária dominam debate no Canal Rural

Presidenciáveis participaram de encontro na sede da CNA em Brasília

As promessas de Reforma Agrária e de reajustes nas políticas tributárias marcaram o debate realizado nesta segunda-deira, dia 26, com os quatro principais candidatos à Presidência da República na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília. Mediado pela jornalista Ana Amélia Lemos, as perguntas foram definidas por meio de uma pesquisa realizada pela CNA.

No primeiro bloco, os políticos apresentaram suas propostas para o setor. Anthony Garotinho (PSB) afirmou que o país precisa de "choques", com redução dos juros do crédito e apoio entre produtores e industriais em prol das inovações tecnológicas no campo. José Serra (PSDB) lembrou que a agricultura foi decisiva para o Real e precisa de mais valorização. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apontou o campo como pilar do desenvolvimento, e ressaltou a capacidade do setor de gerar empregos e manter as pessoas nos seus locais de origem. Ciro Gomes (PPS) afirmou que é preciso mudar o modelo econômico e apostar na biotecnologia, sem esquecer de garantir uma logística para o transporte na produção.

Após a apresentação dos temas definidos na sondagem, a pauta foi agricultura e meio ambiente. Houve consenso sobre a necessidade de uma nova avaliação das regras que definem a área a ser preservada pelo produtor. Garotinho lembrou do problema do fornecimento da água para a produção, que merece tratamento diferenciado. Sobre subsídios agrícolas, Serra citou a luta contra as patentes dos medicamentos para aidéticos como uma prática a ser para derrubar mais barreiras, apoiando a produção nacional. Ele pretende criar um Ministério do Comércio Exterior e um comitê permanente de negociações internacionais. Ciro quer mais agressividade nos encontros comerciais com representantes de outros países, para discutir restrições alfandegárias. Lula fez restrições à Alca e disse que o Brasil precisa discutir com os EUA. Para ele, "não podemos nos acovadrar contra o império".

Sobre a reforma agrária – um dos temas mais polêmicos debatidos – os candidatos confirmaram o compromisso de cumprir as leis da constituição. Para Lula, é possível fazer uma mudança sem ocupações de terras e violência, na base da discussão entre os setores da sociedade. Ciro disse que defendeu uma agricultura com alta base de produtividade, juntando pequenos e grandes produtores em sistemas de parcerias. Garotinho lembrou que as cidades estão inchadas e que a ação vai ajudar a dar mais produção para o país. Segundo Serra, o governo de Fernando Henrique Cardoso "fez mais assentamentos que o dobro de todos os outros governos somados", mas agora é preciso estimular a produção dos novos colonos. Apesar disso, Garotinho comentou que "o programa de Reforma Agrária do Fernando Henrique é um fracasso". No final do bloco, Lula defendeu a agricultura familiar.

Os políticos também precisaram responder como pretendem conciliar as necessidades de arrecadação na medida em que precisarem desonerar importantes cadeias produtivas. Serra defendeu mudanças para a economia como um todo e acredita que parte da produção deve ter isenção em algumas etapas. O Imposto sobre Ciruclação de Mercadorias e Serviços (ICMS) padrão para o país foi defendido por ele. Lula também pediu uma política que não onere custos, preservando a cesta básica. Ciro prometeu a modernização dos tributos. Todos defenderam novas políticas para as exportações, com o intuito de fortalecer o produto nacional nos mercados externos.

O tema crédito rural foi escolhido por 74% das pessoas que participaram da pesquisa da CNA. Ciro lembrou que o modelo está errado e pediu ajuda do povão para consertar a base, com mudanças nas taxas básicas e chamando pessoas com dívidas para recálculo dos valores. Lula comentou que o volume de dinheiro destinado aos financiamentos é pouco e que o país precisa de processos mais seletivos, analisando caso a caso das dívidas. Serra defendeu a manutenção de um juro fixo, com apoio des programas como o Pronaf. Também foi divulgada a idéia de criar um fundo de aval, para o governo entrar como fiador.

No final do programa, os candidatos recapitularam algumas das suas propostas e agradeceram a oportunidade para falar com os produtores. Garotinho comentou outra vez a necessidade de "choques" no crédito, mercado, renda e tencologia. Já Serra fechou falando do fundo de aval, da luta contra o protecionismo e do seguro agrícola. Ele também defendeu um aumento nos investimentos para a pesquisa no setor. Para Lula, as pequenas propriedades e políticas agrárias podem gerar empregos, sem esquecer de colocar o Brasil na rota de exportação de novos produtos, como o farelo da soja. Ciro disse que o país passa por um mau momento e não vai semear falsas promessas, buscando uma desburocratização dos créditos. Ele também pretende fortalecer a biotecnologia, preparando o setor para o futuro.

O debate foi promovido pela CNA e Canal Rural. Foi o primeiro evento nacional segmentado na área rural e contou com a participação dos produtores. Foram enviados 15.140 questionários com 10 temas para discussão no encontro. A confederação recebeu cerca de 5,1 mil respostas, 34% de retorno.

Mais informações sobre candidatos, partidos, pesquisas, regras e números eleitorais no especial Eleições 2002.

Victor Soares  / ZH


Foto:  Victor Soares  /  ZH


 
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