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Murad tentou nova Operação Uruguai

Ao dizer que as versões anteriores divulgadas para justificar o R$ 1,34 milhão apreendido pela Polícia Federal (PF) na empresa Lunus foram feitas por amigos, sem a sua autorização, Jorge Murad, marido da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), mentiu. Conforme a edição desta semana da revista Veja, Murad participou de uma espécie de Operação Uruguai – como ficou conhecida a tentativa de Cláudio Vieira, ex-secretário do ex-presidente Fernando Collor de lavar dinheiro do chamado esquema PC no Uruguai – ao simular um empréstimo de R$ 650 mil para a Pousada dos Lençóis.

O contrato teria sido elaborado por Murad, Luís Carlos Cantanhede Fernandes e Severino Cabral, sócios no empreendimento lançado em dezembro. Como o suposto empréstimo não justificava o total de R$ 1,34 milhão apreendido pela PF na Lunus, os outros R$ 690 mil seriam da venda de 17 chalés. Para dar mais credibilidade à história, montaram uma versão pela qual teriam sido vendidos 20 chalés. A diferença seria justificada em razão de despesas para o início das obras no empreendimento.

As operações de empréstimo e vendas foram registradas no balancete contábil de fevereiro da Pousada dos Lençóis. Como a versão não convenceu nem o PFL, surgiu a da arrecadação para a campanha de Roseana. O texto lido na terça-feira por Murad teria sido redigido em Brasília pelo presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen, com a assessoria de um advogado, na tentativa de salvar a candidatura presidencial de Roseana.

Murad disse que não queria apresentar nomes dos supostos colaboradores. Seus advogados informaram então que isso poderia ser feito mais tarde, em juízo. Além de caixa eleitoral e gerente de Planejamento do Maranhão – cargo do qual foi afastado na terça-feira –, Murad tem ramificações que avançam entre negócios públicos e privados. A construção do resort foi apenas um dos casos. O governo do Maranhão construiu uma estrada que liga São Luís a Barreirinhas, onde se localizará o resort.

A parte final da estrada foi feita pela construtora Sucesso, do empresário piauiense João Claudino. Na Lunus, a PF encontrou R$ 150 mil com uma tarja identificando que o dinheiro era da Sucesso, que tem um canteiro de obras de R$ 55 milhões no Estado.

A empresa construiu um shopping center que, apesar dos entraves burocráticos, foi concluído depois que aceitou sociedade com Miguel Ethel, amigo de Murad. O prédio da Sucesso no bairro Ponta D’Areia teve Severino Cabral como engenheiro responsável e Murad como um dos compradores.

 
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