Conteúdo: novembrada | 26/11/2009 17h12min
Estudante de Bioquímica e Farmácia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Marize Lippel tinha 19 anos e era a caçula do grupo dirigente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) que organizou a manifestação em 30 de novembro de 1979 contra o então presidente João Baptista Figueiredo.
Os protestos daquela sexta-feira reuniram cerca de 5 mil pessoas na região central de Florianópolis. Na ocasião, o presidente foi vaiado pela população, que portava faixas e gritava as palavras de ordem "abaixo a ditadura" e "chega de sofrer, o povo quer comer".
Integrante do DCE, Marize participou ativamente da manifestação. No sábado, dia seguinte aos protestos, a estudante estava em casa, no bairro Trindade, quando foi acordada às 5h com
o telefonema do amigo Geraldo Barbosa, informando que a
Polícia Federal (PF) tinha ido lhe prender e que Marize seria a próxima.
— Acordei meu pai e disse o que iria acontecer. Ficamos esperando até que três homens da PF bateram na porta —disse Marise, cujo pai, Arno Lippel, um antigo militante do PCB, já havia sido preso pela ditadura logo após o golpe militar de 1964.
Segundo ela, dentro de casa tudo transcorreu de forma correta, mas ao ser colocada no fundo sem banco de um Fusca as intimidações dos policiais começaram.
— O policial colocou o cano da metralhadora no meu pescoço e ficou o tempo inteiro engatilhando e desengatilhando a arma, para me assustar.
Depois de ser levada para a sede da PF, que ficava no bairro Estreito, região continental de Florianópolis, Marize, Lígia Giovanella e a hoje advogada Rosângela Koerich de Souza foram levadas para o Hospital da Polícia Militar, onde ficaram incomunicáveis.
Apoio popular
Em 4 de dezembro, uma manifestação popular no Centro de Florianópolis
pediu a libertação dos estudantes presos.
Entre os participantes estavama as mães dos estudantes detidos, como a dona Josefina Giovanella, Adelina Lippel e Adolfina Dias, que chegaram a ir a Brasília pedir a liberdade dos filhos. Os estudantes foram soltos após 15 dias de cadeia.
Depois da Novembrada, Marize se formou em Bioquímica e Farmácia, casou-se com o dentista Sérgio Giovanella (irmão de Lígia, falecido em 1999, que foi preso em 1975 na Operação Barriga Verde) e morou por 15 anos em Blumenau. De volta a Florianópolis desde o início da década, Marize trabalha na Vigilância Sanitária.
É importante manter vivo este evento histórico que só traz reflexões ricas à nossa democracia. Pensemos a Novembrada como parte de um processo de manifestações que começa ao fim dos anos 70 e culmina nos protestos pelas Diretas Já. Parabéns pela área reservada do DC à Novembrada.
Parabéns aos jornalistas, fotógrafos e repórteres do Diário Catarinense pela bela reportagem sobre a Novembrada, eu como irmã de Ligia e cunhada de Marize posso dizer que são resgates assim da história de um povo é que fazem com que as conquistas perdurem e que a Democracia conquistada seja sempre lembrada como um grande bem.Confesso que fiquei muito emocionada ao ver a reportagem, a riqueza das montagens, fotografias, vídeos e entrevistas. Fiquei muito feliz também ao ler o comentário carinhoso do repórter Roberto Azevedo sobre nossa mãe "Mama" como todos começaram a chamá-la depois da Novembrada.Mulher de força e de coragem que nos nossos corações deixou enormes lembranças.Teresinha Kuehn
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