| 17/02/2011 16h25min
Experimente digitar no Google a frase “Eu odeio dinâmicas de grupo”. Você vai encontrar mais de 500 referências de artigos e fóruns com desabafos de pessoas que trabalham em todo tipo de empresa. Nas organizações, a resistência às dinâmicas tradicionais e a mecanização dos comportamentos durante as atividades – que são propostas para incentivar e motivar – mostram que as críticas vão além da Web.
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Previsíveis e repetitivas, as dinâmicas de grupo – que foram pensadas para surpreender e revelar o perfil de cada profissional – hoje não cumprem mais o seu papel. Um dos motivos é que muitos já conhecem a metodologia e qualquer um pode se preparar para dar as respostas “certas” nos exercícios propostos. “Não existe mais espontaneidade dos participantes. Há centenas de referências na Internet sobre como se comportar em cada dinâmica. Virou atuação”, diz o consultor em desenvolvimento organizacional Sérgio Naguel.
Naguel abandonou as dinâmicas tradicionais e criou seu próprio método depois de quase 30 anos como consultor de empresas. Ele constatou a obsolescência das dinâmicas tradicionais no dia a dia dos treinamentos corporativos. “Eu aplicava uma dinâmica em empresas diferentes, com grupos completamente distintos, e recebia as mesmas respostas de até 90% dos participantes. Se a proposta era construir algo com canudos, por exemplo, os grupos voltavam todos com pontes. E a explicação para a escolha era a mesma: aquilo representava a integração das equipes”, conta Naguel.
Outro fator importante que põe em xeque a eficácia das dinâmicas de grupos e compromete a transmissão de conteúdos através do modelo tradicional de palestra é a forma de interação entre quem conduz o processo e quem participa dele como ouvinte. Para adultos, a aprendizagem eficaz acontece pela experiência e visualização da aplicação imediata da informação que está sendo trabalhada. “A figura do professor que conduz e dos alunos que ouvem ou, no máximo, fazem o que ele pede não funciona com adultos. Isso é maçante e inútil para a maioria das pessoas”, diz o consultor.
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Para provocar reações mais espontâneas e conseguir que os conteúdos dos treinamentos sejam fixados pelos participantes, algumas empresas adotam treinamentos de alto impacto, que provocam sensações como a raiva e o medo nos participantes, para revelar os modelos mentais de cada um. É uma maneira de reproduzir como cada pessoa reage e conduz o trabalho em situações de pressão, de imprevistos ou tensão. “Existem inúmeros treinamentos pensados para conseguir as reações espontâneas que as dinâmicas tradicionais não conseguem mais. Só que, por vezes, é usada a agressividade e as circunstâncias extremas, como ficar no escuro, ser privado do sono e outros estímulos negativos para alcançar isso. O treinamento marca e até provoca mudanças em quem participa. Mas a que custo?”, analisa Naguel.
O consultor conseguiu, através do uso de danças circulares, provocar as mesmas emoções necessárias para realizar treinamentos que tenham efeitos duradouros e rápidos no desempenho dos profissionais, sem constrangimento. Ele explica que isso é necessário, principalmente, porque os profissionais da atualidade são bastante qualificados tecnicamente, mas têm dificuldade em aplicar o conhecimento. “Na maioria das empresas, o que falta é pessoas com capacidade de realizar, de fazer o que teoricamente elas já sabem”, conclui.
Fonte: Roberta Canetti
Os profissionais da atualidade são bastante qualificados tecnicamente, mas têm dificuldade em aplicar o conhecimento
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