Recursos Naturais | 24/07/2011 09h11min
Em 2007, o Equador lançou uma proposta sem precedentes: o país deixaria um quinto das suas reservas de petróleo — 846 milhões de barris — subterrâneo para a saúde do planeta se, em troca, a comunidade internacional doasse até US$ 3,6 bilhões, metade de seu valor de mercado. O óleo está nos campos de petróleo de Ishpingo, Tambococha e Tiputini (ITT), sob o impressionante Parque Nacional Yasuni, na Amazônia do Equador, uma área que os cientistas afirmam ter a maior biodiversidade da floresta tropical do mundo.
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Mas após quatro anos tentando, em vão, garantir o dinheiro dos países ricos, o Equador está se voltando para. . . nós. Na semana passada, o fundo do Yasuni-ITT, administrado pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, tornou-se aberto a doações a partir de US$ 1 (antes, o fundo só aceitava contribuições de US$ 10 mil ou mais).
- A ideia é que as pessoas em todo o mundo demonstrem o seu apoio, simbolicamente comprado um barril de petróleo de Yasuni - diz Carlos Larrea, diretor técnico para o crowdfunding (financiamento coletivo).
O caso ambiental para proteger este pedaço de parque nacional Yasuni está além da questão: a área possui uma incrível diversidade de plantas, animais e espécies de insetos, incluindo 644 tipos de árvores em um único hectare. É também o lar de pelo menos duas tribos isoladas. Deixar o petróleo embaixo da terra irá evitar a emissão de 407 milhões de toneladas de CO2 — igual a pegada anual do Brasil. O dinheiro arrecadado será utilizado para desenvolver iniciativas em energia renovável, ajudando a financiar projetos ambientais e sociais no Equador.
Chile e Espanha foram os primeiros a inchar os cofres, acrescentando US$ 100.000 e US$ 1 milhão, respectivamente. A Itália perdoou US$ 35 milhões da dívida equatoriana, com a ressalva de que o dinheiro fosse para o fundo. A Alemanha, no entanto, recuou da promessa inicial de contribuir anualmente com US$ 50milhões.
Já são cerca de US$ 40 milhões no caixa de Yasuni, mas o relógio está correndo. Se não houver pelo menos US$ 100 milhões até dezembro, o presidente equatoriano Rafael Correa disse que vai abandonar o esquema pelo plano B: a perfuração do campo. Como que para provar que está falando sério, a floresta no entorno do campo está rapidamente sendo preparada para a exploração. Sem os US$ 60 milhões que faltam, são grandes as chances do bloco ser explorado em breve.
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