Pecuária | 30/05/2011 07h13min
A discussão em torno da necessidade de matar animais para que o homem consuma sua carne está longe de se esgotar na preocupação com o bem-estar dos bichos que serão abatidos. Entretanto, é preciso levar em conta que as pessoas estão ainda mais distantes de abandonar o consumo de carne - e que a indústria agropecuária é um dos pilares da economia mundial. Por isso, é necessário avaliar o contexto atual com realismo.
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- Todo animal é um ser senciente, ou seja, ele tem capacidade de sentir dor. Tem pessoas que acham que um animal de produção é diferente de um gato ou de um cachorro, mas não é. Estamos falando de seres vivos - afirma Charli Lüdtke, gerente de animais de produção da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA Brasil).
Desde 2008, Charli coordena o Programa Nacional de Abate Humanitário (Steps), uma parceria da WSPA Brasil com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que promove cursos de capacitação para fiscais agropecuários e profissionais que atuam em frigoríficos. A ideia do programa é difundir as práticas corretas de manejo e abate, considerando as diretrizes da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e da União Europeia - quase dois mil profissionais já foram treinados. Acima da preocupação com a qualidade da carne está a intenção ética de prover qualidade de vida aos bichos.
- O que queremos é um manejo profissional. A interação do homem com os animais e as instalações têm de ser harmoniosa. E isso vai da propriedade até o frigorífico - diz Charli.
Os frigoríficos brasileiros têm de cumprir uma instrução normativa que tornou obrigatórios os procedimentos de abate humanitário desde 2000. Conforme a zootecnista Andrea Parrilla, chefe da Divisão de Bovideocultura e coordenadora da Comissão Permanente de Bem-estar Animal do Mapa, as grandes empresas obedecem a padrões internacionais, mas matadouros menores têm dificuldade de seguir a lei pelos custos de equipamentos. Dados da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA) dão conta de que o percentual de abates clandestinos é grande no país, variando entre 30% e 50% do total, dependendo da região.
Coordenador corporativo de Bem-estar Animal do grupo Marfrig, Stavros Tseimazides revela que o cuidado durante o processo de abate é viável financeiramente para as empresas. Após uma consultoria externa em 2004, o grupo intensificou ações para garantir o bem-estar dos animais nas últimas horas de vida.
- Quando o animal está muito estressado, a carne fica escura, dura e seca. A carne de um animal bem tratado é de melhor qualidade, de um padrão melhor - explica Tseimazides.
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