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Agricultura  | 02/05/2011 08h10min

Orgânicos no centro do debate

Mercado de alimentos orgânicos cresce a um índice superior a 10% ao ano e movimenta hoje cerca de R$ 500 milhões anuais, valor ainda considerado baixo em comparação às cifras da agricultura tradicional

Eles carregam exigências disputadas no mercado atual: valor agregado, cuidado com o trabalhador, baixo impacto ambiental e benefícios para a saúde. Já acumulam marcas de crescimento de mais de 10% ao ano, pelo menos no Brasil, e ainda têm uma demanda que cresce a cada dia.

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É assim que os alimentos orgânicos ganham destaque no mundo dos negócios e no cotidiano de quem está preocupado com a qualidade do que come e o impacto desse alimento no planeta.

Produzidos com técnicas elaboradas para dispensar o uso de agroquímicos e fertilizantes, os orgânicos são conhecidos por custarem mais. E, mesmo com o preço um pouco mais salgado do que o dos alimentos tradicionais, o espaço na prateleira tem crescido, e a procura por feiras também.

Para o diretor de Geração de Renda e Agregação de Valor do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Arnoldo de Campos, o boom parece ter ocorrido nos últimos cinco anos.

A webdesigner Fernanda Scur, 34 anos, adepta dos alimentos produzidos sem aditivos químicos há 10 anos, concorda:

- A feira que eu frequento está mais cheia a cada fim de semana, e a variedade de produtos cresceu muito.

Por ano, o mercado dos orgânicos movimenta hoje cerca R$ 500 milhões, número tido como baixo pelos especialistas. Considerando fatores como o preço, as técnicas elaboradas de produção e o número de produtores cadastrados nos programas federais - são cerca de 30 mil - o valor movimentado ganha expressão. Além disso, algumas redes de varejo estimam o aumento anual das vendas entre 30% e 40%.

- A tendência é que os orgânicos deixem de ser um nicho de mercado e reafirmem sua expressão - afirma a engenheira agrônoma e professora da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Ingrid de Barros.

Em feiras no Exterior, os produtos brasileiros já são destaque. Em parte, pela qualidade da produção e, também, pela diversidade e característica exótica de muitos alimentos. Considerando que em vários países, da Austrália ao Canadá, a venda de orgânicos cresce mais do que aqui, o potencial de exportação do setor é alto. O que falta é produzir mais com a mesma qualidade. Para isso, o investimento em pesquisas e o apoio a pequenos produtores que desejam fazer o processo de conversão (das técnicas tradicionais de cultivo para a orgânica) são caminhos importantes.

Ingrid lembra também que já existem grandes fazendas produtoras de orgânicos, o que prova que, com técnicas elaboradas, é possível produzir mais e afastar-se do tabu da baixa produção.

Uma lei específica já foi regulamentada, e a certificação dos produtos que estão à venda e linhas de crédito para os produtores estão em vigor. Agora, o grande desafio levantado por especialistas é a sedução e a paciência. Produtores precisam enxergar o potencial do orgânico, que pode ser mais lucrativo do que os convencionais, e ter paciência e apoio para transformar suas técnicas.

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Genaro Joner / clicRBS

Falta mais empenho dos produtores para fazer o setor crescer
Foto:  Genaro Joner  /  clicRBS


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