Saúde | 07/02/2011 00h10min
A tradicional preocupação das mães com a saúde de seus bebês é uma das grandes responsáveis por fazer com que um químico pouco conhecido no Brasil, o bisfenol-A, chegue com polêmica às rodas de discussão. Com ele, os plásticos do tipo policarbonato, utilizado em muitas mamadeiras, adquirem características como resistência, leveza, transparência e durabilidade.
Ao mesmo tempo, endocrinologistas acreditam que o contato do plástico com alimentos pode fazer com que o bisfenol, ou BPA, da sigla em inglês, seja ingerido e, em excesso, cause danos à saúde humana.
Por ter uma composição química semelhante à do estrogênio, hormônio feminino, o bisfenol é considerado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia de São Paulo (Sbem-SP) como um desregulador endócrino. Em países europeus como a França, a substância foi banida de alguns produtos. No Canadá, a discussão cresceu depois de uma pesquisa ter relacionado o BPA a alterações no número do nascimento de meninos em uma pequena comunidade.
Por precaução, o país decidiu proibir o uso do químico em mamadeiras e em outros objetos usados por crianças de até três anos. Ações como essas desencadearam reações em gigantes da indústria. No final do ano passado, a Nestlé Brasil divulgou que, no prazo de três anos, deve eliminar o uso do químico em seus produtos.
Ainda assim, a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) entende que os níveis exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) —
0,6 mg/kg — conferem segurança para os consumidores. Além disso, a associação alega que a migração do BPA só ocorre quando o plástico é exposto a temperaturas superiores a 100°C por no mínimo duas horas.
Para os engajados na causa, como a tradutora Fabiana Dupont, que montou um portal na internet para falar sobre o assunto, e a endocrinologista e professora da USP Elaine Costa, membro da Campanha Contra os Desreguladores Endócrinos da Sbem-SP, uma ação preventiva, semelhante a do Canadá, é o primeiro passo a ser seguido.
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