Itapema FM | 27/07/2016 09h22min
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Estar em Joinville e exibir a credencial do Festival de Dança, seja se apresentando, seja tendo aulas, é um feito e tanto para qualquer bailarino de fora da cidade. Se a distância até o sonho de participar do maior evento de dança do mundo for de alguns milhares de quilômetros, então o êxito é completo. Viver isso implica passar horas em ônibus ou aviões e se instalar em locais que, ainda que bem estruturados, passam longe do conforto doméstico. É dividir o quarto com várias pessoas, acordar cedo e, dureza das durezas, enfrentar temperaturas gélidas, se comparadas com as de casa. Sim, ficar instalado num dos cinco alojamentos do Festival não é moleza, mas também proporciona diversão, afinidade entre o grupo e novas amizades.
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Os 23 integrantes da The Fusion Norte Company saíram de Manaus com 44º C cientes de que a temperatura despencaria durante a viagem. Por mais que o frio tenha abrandado nos últimos dias, ele ainda é dolorido para os amazonenses, presentes pelo sétimo ano consecutivo no Festival. Por isso, na mala vieram, além dos figurinos coloridos sobre a cultura local, muitos cobertores e casacos. E, claro, uma força de vontade que supera as baixas temperaturas.
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– Tenho vontade de não dançar, mas a gente veio para mostrar a nossa cultura. Nos apresentamos e deixamos para morrer de frio depois – brinca Matheus Carvalho, 17 anos.
Ele e os companheiros ficarão até domingo alojados no Recanto da Paz, no bairro Itinga, abrigo para 4,4 mil pessoas ao longo do Festival. Nenhuma novidade para o grupo, acostumado com o ambiente coletivo.
– É por necessidade, até porque o custo dos hotéis é muito alto. E aqui, por causa da segurança, dos quartos com banheiro, por ter um palco onde passar a coreografia, se torna prático – explica André Durand, diretor da companhia.
Ainda que não seja perfeito – a distância até o Centro pode levar até 40 minutos –, o alojamento tem outra vantagem, que é a interação entre os participantes. Num espaço com centenas de jovens movidos pela arte, é normal que conversas regadas a música e dança vigorem até tarde da noite, inclusive desafiando o “toque de recolher”, às 22h30.
– Se eu deixar, eles ficam até três, quatro da manhã conversando – atesta Durand.
Garantia de amizades e diversão
A perspectiva de novas amizades já se concretizou para o pessoal do Norte, que se entrosaram bem com um grupo de São Paulo, como revela o bailarino Deivit Silva, 19 anos.
– A gente é das danças populares e eles, do hip-hop. Chamaram a gente para conversar e ficamos batendo papo. Já combinamos de nos encontrar no ano que vem.
Vinda de Belém (PA), Nely Lopes empreendeu uma aventura solitária até Joinville para fazer curso. Ficará até segunda-feira, também no Recanto da Paz, onde divide quarto com mais cinco pessoas, três delas conterrâneas. A opção por alojamento também se deu por questões financeiras.
– O hotel seria mais próximo, mas eu gastaria mais com transporte e diárias. Prefiro gastar com outras coisas, como na Feira da Sapatilha – explica a bailarina, que já aproveitou para conhecer o Beto Carrero World, em Penha. – Além disso, as pessoas me falaram que seria interessante, então é uma experiência.
Uma experiência proveitosa para Nely, que tem se divertido com conversas e sotaques diferentes no alojamento. Um ambiente caloroso que vem ajudando a amenizar o frio sentido pela bailarina, acostumada aos 40º de Belém.
– À noite, vejo pessoas de bermuda, saia. Jamais conseguiria. Me “empacoto” da cabeça aos pés e ainda estou com frio – afirma.
Segundo Irislaine Maria Lúcio, coordenadora dos alojamentos, em torno de 8,5 mil pessoas, entre bailarinos, coreógrafos e equipe de apoio, ocuparão os cinco alojamentos até o fim do Festival de Dança. Todos foram preparados para receber os visitantes e terem manutenção ao longo do evento, com atenção especial para os chuveiros. Regulados para esquentarem ao máximo, claro.
Grupo The Fusion Norte Company, de Manaus, tenta se adaptar ao frio catarinense
Foto:
Salmo Duarte
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