Itapema FM | 19/11/2015 05h03min
Suponha que você tenha dinheiro. Suponha que, com esse dinheiro, você compre Rise of the Tomb Raider, Assassin’s Creed – Syndicate e Fallout 4, três dos maiores blockbusters de ação lançados no semestre. Suponha que você decida jogar cada um deles direitinho, completando a história principal e os desafios extras. Nesse caso, é melhor supor que você também tenha tempo: juntos, os três jogos somam algo em torno de 300 horas.
Isso tem me feito pensar um bocado. E o primeiro pensamento que me veio à cabeça, quando comecei a gigantesca campanha de Fallout 4, é que, hoje, talvez faça mais sentido o sujeito se perguntar "no que devo investir o meu tempo?" ao invés de "no que devo investir o meu dinheiro?".
Leia nas colunas anteriores:
A vingança de Lara Croft
Cinco blockbusters para jogar antes do ano acabar
Um réquiem para Hideo Kojima
Metal Gear Solid V – The Phantom Pain, por exemplo, custa R$ 200 em média, mas completá-lo "custa" 160 horas em média. Vou realmente ter saco para jogar tudo isso? Ou vou abandonar a jogatina na metade (se muito) quando outro título incrível e que também quero muito for lançado? Pelo mesmo preço, Call of Duty – Black Ops 3 oferece uma campanha bem decente de cerca de oito horas. O que cabe melhor para o meu perfil de jogador?
O site howlongtobeat.com tem algumas respostas. Como o próprio nome diz, é um espaço em que os jogadores compartilham quanto tempo demoraram para terminar um game, desde finalizar apenas a campanha principal até coletar absolutamente todos os itens à disposição. Tem de clássicos dos anos 1980 e 90 do Nintendinho e do Mega Drive aos últimos lançamentos da atual geração de consoles.
Também faz pensar que games, apesar de sempre comparados a filmes, estão mais próximos da literatura. Pelo menos em termos de consumo. Porque o cinema não exige um grau de engajamento que um jogo exige – são de duas a três horas em média de atitude passiva e é isso. Dependendo do filme, dá para assistir em fast forward sem muita perda, concordam?
É diferente de um jogo ou de um livro, que, por pior que sejam, demandam atenção exclusiva e não podem ser concluídos numa única sentada (O Pequeno Príncipe não conta, ok?). Além de serem, na sua maioria, atividades solitárias e introspectivas (excluindo, claro, jogos feitos com fins competitivo e de espírito gregário).
Por outro lado, entende-se que épicos como os citados anteriormente não limitam seu foco a uma única experiência. Quer dizer, eles não são feitos para serem "zerados", como eram todos os games em sua origem.
Existe, claro, uma narrativa quase sempre linear para ser levada a cabo, mas não apenas isso. É mais importante, hoje, o desenvolvimento do personagem, o envolvimento do jogador com uma determinada história e a fruição do ambiente do que necessariamente terminar o jogo.
Mas isso tudo leva tempo. Quanto tempo você tem?
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