Itapema FM | 10/09/2015 04h03min
Sabe o que pode ser mais desastroso do que a adaptação de um jogo de videogame para o cinema? O contrário. Não enche uma mão a quantidade de bons games baseados em filmes. O recém-lançado Mad Max é um exemplo positivo – mas só porque seguiu a antiga cartilha dos vencedores.
Essa cartilha, que na verdade serve para ambos os lados, parece ter um único tópico: evite o transporte literal de uma história, criada originalmente para uma mídia com linguagem própria, para outra mídia também com linguagem própria. Claro que a lista de adaptações fracassadas não respeita console, gênero ou época, mas é interessante notar como esse expediente não teve limites nos anos 1980 e 90.
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Então uma tecnologia nova e pouco explorada, mas de potencial de massa, o
videogame parecia ser o passo seguinte natural no processo de consumo de um filme. A vontade de faturar uns pilas a mais era tão grande que, mesmo produções que obviamente não tinham nenhum apelo gamer, como Esqueceram de Mim (1990) e Quanto Mais Idiota Melhor (1992), ganhavam um jogo para chamar de seu. Pareciam ter esquecido a tragédia primordial de E.T. – O Extraterrestre, que, lançado no mesmo ano que o filme (1982), ajudou a levar sua fabricante, a Atari, para o buraco.
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Claro que um período rico em tentativas deixaria alguns bons exemplos, como Moonwalker (a saudosas versão do filme de Michael Jackson para Mega Drive, de 1988) e 007 Contra GoldenEye (talvez o maior FPS de toda uma geração, lançado em 1995). Em comum, são jogos inspirados em produções cinematográficas que não seguiram ipsis litteris o roteiro original, entregando produtos quase inéditos. Mad Max vai pelo mesmo caminho, bebendo dos elementos do quarto longa de George Miller sem se preocupar em transpor o filme para o videogame.
No jogo, Max precisa construir um novo veículo para chegar às Planícies do Silêncio, um lugar que parece existir apenas na sua cabeça, mas onde ele acredita que finalmente irá descansar. Para tanto, vai contar com a ajudar de (e lutar contra) toda aquela sorte de malucos desenhada no último filme – mas não saída diretamente dele. O grande vilão, por exemplo, é Scabrous Scrotus, filho desconhecido de Immortan Joe, vilão da produção estrelada por Charlize Theron e Tom Hardy.
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O imenso deserto é o cenário, pontuado por restos da civilização transformados em fortificações inimigas que precisam ser tomadas. A partir daí é pura diversão em um jogo que, pelo menos eu, esperava de Mad Max: rachas mortais, troca de sopapos com trocentos tipos de inimigos, progressão gráfica do personagem e veículo e um mundo detalhado, bonito e rico a ser explorado.
Claro, alguns pontos poderiam ser melhorados. A mecânica das lutas foi chupada da franquia Arkham, do Batman, e funciona bem, embora os comandos as possibilidades de combos não sejam tão variadas. A estrutura do jogo também não apresenta nada de novo, mas é suficiente para convencer o jogador a continuar avançando. Paralela à história principal, pipocam side quests úteis para pegar as manhas nos controles do carro e de Max, subir de nível e conquistar equipamentos e upgrades. É aquilo: faça o máximo de missões possíveis para se desenvolver e, depois, encarar os adversários mais fortes.
Eu já gastei várias horas percorrendo as terras devastadas atrás de sucata e kits para desenvolver Max, meu carro e a fortaleza onde estou hospedado atualmente. Não tem segredo, mas não deixa de ser legal. É isso: Mad Max é um jogo legal. E só. Não vai mudar a sua vida, não vai pra disputa de melhores do ano, mas também não faz feio.
Ou seja: se você está acostumado a jogos como The Witcher 3 e GTA V, a versão de Mad Max vai parecer meio grosseira e limitada, repetitiva, até. Mas estamos falando de Max Rockatansky e seu mundo de areia, sangue e petróleo. Não dá para esperar mais (ou gostar menos).
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