Desde maio, toda terça-feira é igual: depois das 22h30min, as redes sociais são tomadas por uma enxurrada de comentários sobre o MasterChef. A versão brasileira do reality show exibida pela Band conquistou um público cativo que aumenta a cada episódio. A segunda temporada da competição, em que cozinheiros amadores testam seus talentos, chega ao fim no dia 15, e a terceira está confirmada para 2016.

Com este segundo ano de MasterChef, a Band consolidou a vice-liderança nos índices de audiência da TV aberta na faixa das 22h30min à 0h30min, e ainda belisca a ponta em alguns momentos.

A receita é simples: mistura três jurados de humor ácido (os chefs Paolla Carosella, Erick Jacquin e Henrique Fogaça), com uma apresentadora renomada (Ana Paula Padrão) e participantes que mesclam talento e empatia (a jovem chinesa Jiang é o tempero especial), finalizada com uma produção caprichada.

Para entender esse fenômeno da TV aberta, que ganhará uma versão Júnior em outubro, ZH conversou, por e-mail, com Ana Paula Padrão.

Como você se sente fazendo sucesso no entretenimento após tantos anos de jornalismo?

Me sinto surpresa e agradecida. Acho que dou sorte. Meu irmão sempre diz que sou a pessoa mais sortuda que ele conhece e sempre respondo que a sorte está no trabalho sério e dedicado. Mas, nesse caso, não planejei nem a migração do jornalismo para o entretenimento, nem a participação no MasterChef. Apenas aconteceu. Acho que devo ter alguma sorte mesmo...

Qual a receita para o sucesso do MasterChef Brasil?

É um conjunto de fatores. O formato é bom e já foi testado lá fora. O casting dos jurados foi bem feito. O diretor que os orientou na criação dos personagens de cada um foi muito feliz. E a seleção dos candidatos, tanto na primeira quanto na segunda temporada, foi extremamente cuidadosa. A produção é muito boa, da qualidade das imagens ao cenário, tudo colabora. Além disso, que depende da competência dos envolvidos, há dois fatores incógnitas que colaboram muitíssimo para o sucesso de qualquer produto na TV. O primeiro é o público estar disposto a assistir. E o público brasileiro, que nos últimos anos, por causa do aumento de renda, passou a encarar alimentação como um prazer e não só como necessidade, estava pronto para amar o MasterChef. O segundo é a química do elenco. Às vezes quem está na frente das câmeras tem problemas de relacionamento e isto pesa na produção. No nosso caso, foi exatamente o contrário. Todos nos damos bem e somos amigos. Nos divertimos gravando!

Você já consegue identificar que candidatos possam agradar ao público?

Na maioria das vezes, sim. Mas, ao longo do programa, eles também mudam muito. Por causa do cansaço, da pressão, do nervosismo, muitas vezes não conseguem agir de maneira natural. Ou desenvolvem o personagem errado, que vai provocar rejeição do telespectador. Mas nos dois casos é divertido. Quanto mais plural é o leque de competidores, melhor!

O fato de o programa ser gravado com tanta antecedência não é prejudicial, já que o resultado pode vazar? Como fazer para manter a expectativa e o público fiel até a final?

A gravação em dois meses, sem intervalos, é fundamental para o sucesso. Os participantes têm que trabalhar sob pressão para que se mantenham razoavelmente amadores até o final. Se tivessem tempo para estudar não haveria emoção na hora de cozinhar, e sem emoção o público não fica. Além disso, quanto mais tempo eles demoram para se ver no ar, mais naturalmente eles agem. Claro que sempre há risco de que informações se tornem conhecidas antes da hora, mas isso não interfere na audiência. Quem está em casa quer ver o desenrolar da competição.

Parte do sucesso do MasterChef é refletido nas redes sociais que costumam bombar nas terças. Como essas mídias ajudam o programa?

As redes sociais são importantíssimas para o sucesso do programa. Aliás, para o sucesso de qualquer programa. Hoje, não há como ganhar o telespectador se você não estiver conversando ao mesmo tempo com o internauta. Para repercutir, o programa tem que ser multiplataforma.

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