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Itapema FM  | 26/08/2015 10h57min

Séries com participações de atores ou produção de brasileiros ganham espaço na TV por assinatura

Além de Santo Forte, primeira série nacional do canal AXN, o mês de agosto é marcado pelas estreias de Narcos, no Netflix, e de O Hipnotizador, na HBO

Sansara Buriti  |  buritisansara@gmail.com

Desde que foi sancionada em 2011, a Lei no 12.485, conhecida como Lei da TV Paga, vem mudando a cara e a língua da TV por assinatura no país. Em um mercado tradicionalmente dominado por enlatados norte-americanos, a determinação de que sejam exibidas três horas e meia por semana de programação nacional fez a produção e a veiculação de conteúdos brasileiros quadruplicar entre 2011 e 2014, de acordo com a Agência Nacional do Cinema (Ancine).

Para dar conta da demanda, os canais firmam parceria com produtoras de audiovisual, como é o caso do AXN com a Moonshot Pictures, que estreiam no domingo, às 21h, a série Santo Forte. Com 13 episódios de uma hora cada, é a primeira feita para o canal no Brasil.

Protagonizada por Vinícius de Oliveira, conhecido por interpretar o menino do filme Central do Brasil, traz a história de João da Cruz Forte. Casado, pai de dois filhos e morador do subúrbio do Rio de Janeiro, ele garante o sustento da família trabalhando como taxista. Poderia ser mais um homem comum, não fosse o fato de ter poderes sobrenaturais e corpo fechado. Ele é capaz de ver e sentir os dramas dos passageiros, fazendo de tudo para ajudá-los.

Alberto Niccoli Jr., vice-presidente do grupo Sony no Brasil, do qual o AXN faz parte, afirma estar confiante com a qualidade da atração:

- Queremos atingir os fãs de suspense, religião e misticismo, assuntos que são base para a produção, além dos telespectadores do AXN e possíveis novos que migrarão para o canal. Temos planos e estamos trabalhando em diversos projetos de conteúdo brasileiro, porém ainda não temos nada confirmado. Mas é de interesse do canal dar continuidade ao que estamos começando a fazer com Santo Forte.

Roberto D'Ávila, diretor geral do seriado e da Moonshot, reconhece a influência da lei, porém acredita que a qualidade deve estar acima da quantidade:

- A gente tem um impacto grande de aumento de produção, só que não vejo apenas como uma necessidade ou obrigatoriedade da TV paga e, sim, como reflexo da responsabilidade em fazer um conteúdo de qualidade. Os canais não têm só de colocar conteúdo brasileiro, mas também ter um cuidado enorme para que seja adequado, fazendo com que eles cresçam com essas produções - esse é inclusive o objetivo principal da lei. Não é só fazer mais e dar a chance de se fazer mais, mas refletir a audiência, as pessoas, a gente, a nossa cultura na tela.

Além de Santo Forte, o mês de agosto é marcado pelas estreias de Narcos, no Netflix, e de O Hipnotizador, na HBO.

Com Wagner Moura no papel de Pablo Escobar, Narcos estreia dia 28, às 21h, na Netflix. Foto: Daniel Daza

A série internacional Narcos, que estreia na sexta-feira, é a primeira produção original do Netflix dirigida por um brasileiro, o cineasta José Padilha (Tropa de Elite, RoboCop). A trama em 10 episódios é estrelada pelo também brasileiro Wagner Moura no papel do narcotraficante colombiano Pablo Escobar. O seriado mostra as histórias da vida real dos chefões do tráfico no final dos anos 80 e os esforços realizados pela lei para detê-los.

Wagner Moura fala sobre seu papel em Narcos e defende legalização das drogas
Wagner Moura impressiona como Pablo Escobar

Por ser um serviço de vídeos por demanda, o Netflix não é obrigado a seguir a Lei da TV Paga, mas essa situação não deve durar muito mais tempo. No início do mês, durante o Congresso da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), os presidentes da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Manoel Rangel, e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Rezende, informaram que um projeto para regulamentar a cota de programação nacional nos serviços de distribuição de vídeos pela internet está sendo desenvolvido.

De qualquer forma, o Netflix já anunciou para 2016 a estreia de 3%, sua primeira série inteiramente brasileira. Protagonizada pelos atores João Miguel e Bianca Comparato, o suspense é ambientado em um mundo dividido entre progresso e devastação, onde apenas 3% dos jovens têm a chance de viver na parte desenvolvida, após passarem por uma rigorosa seleção.

Pioneirismo na TV por assinatura

O Hipnotizador, série da HBO, é falada em português e espanhol.
Foto: HBO/Divulgação

Antes da Lei da TV Paga, a HBO foi um dos primeiros canais a cabo a investir em ficções brasileiras. Entre 2005 e 2007, a série Mandrake, produzida em parceria com a Conspiração Filmes, apresentava Marcos Palmeira no papel de um advogado criminal especializado em casos de chantagem e extorsão. De lá para cá, o canal exibiu pelo menos um seriado brasileiro ao ano.

A mais nova aposta é O Hipnotizador, que estreou no último domingo com a característica peculiar de ser falada em português e espanhol. Dirigida pelos brasileiros Alex Gabassi e José Eduardo Belmonte, a história é baseada em uma HQ argentina que acompanha a vida de Arenas (vivido pelo também argentino Leonardo Sbaraglia), um hipnotizador que se dedica a adormecer pessoas e a desenterrar seus segredos mais profundos. Com elenco multinacional, a série gravada no Uruguai conta com as brasileiras Bianca Comparato, no papel de Anita, Juliana Didone, como Lívia, e Chico Diaz, mexicano radicado no Brasil, interpretando o antagonista Darek.

Elenco fala sobre O Hipnotizador, série bilíngue da HBO
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Em Santa Catarina

Com vários projetos em andamento, Santa Catarina também está de olho no mercado das séries. Incentivado pelo governo estadual o programa Lab Catarina Criativa promoveu em junho o encontro entre produtores e canais de TV. Vinte e cinco propostas foram apresentadas aos canais A&E/History Channel, Curta!, Fox, Canal Brasil, Discovery, Box Brazil, Cine Brasil TV, Zoomoo, TV RaTimBum, Gloob e Play TV, e a expectativa é de que pelo menos 10 conquistem financiamento. Entre elas estão os seriados de animação infantil Tuca, o Mestre Cuca, do Belli Studio, de Blumenau, e o cômico de ficção ainda sem nome dos cineastas Marcelo Sabiá e Carolina Medeiros, de Urubici, sobre um jovem casal que abre um bistrô na Serra Catarinense.

Lab Catarina Criativa estimula produção de séries de TV em Santa Catarina

No âmbito municipal também há estímulo. A edição 2014 do Fundo Municipal de Cinema de Florianópolis (Funcine) destinou dois prêmios de R$ 20 mil para o desenvolvimento de pilotos de séries para TV ou web, e a Secretaria Municipal de Cultura de Florianópolis (Secult), em parceria com o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), deve anunciar entre setembro e outubro o resultado do SeCult de Produção Audiovisual, edital inédito focado exclusivamente na produção de seriados para televisão. Nove projetos foram habilitados para disputar o prêmio de R$ 750 mil reais.

- Acredito que o estímulo ao conteúdo para TV vai além de uma tendência de mercado. É uma oportunidade de fomentar e dar visibilidade à produção local. Sempre vai existir quem tenha medo do fomento de projetos comerciais, mas há espaço para todos - afirma a presidente do Funcine, Carol Gesser.

DIÁRIO CATARINENSE
AXN / Divulgação

Vinícius de Oliveira vive um taxista com poderes sobrenaturais em Santo Forte, nova série do AXN
Foto:  AXN  /  Divulgação


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