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Itapema FM  | 21/08/2015 11h34min

Aos 21 anos, Cássia Eller era ainda uma garotinha, mas já tinha malandragem

Disco com gravações caseiras de 1983 aponta as direções que a cantora seguiria na carreira

Emerson Gasperin  |  emersongster@gmail.com

A voz sai suave, límpida, mais aguda e sem os arroubos que consagrariam sua dona. Como acompanhamento, apenas um violão. A gravação soa um pouco abafada, denunciando a forma amadora em que foi feita. A cantora é Cássia Eller, então uma desconhecida de 21 anos que tentava se firmar na carreira artística. Entre novembro e dezembro de 1983, ela plugou o microfone no aparelho 3-em-1 (o suprassumo da época) na casa da namorada em Brasília, a jornalista Elisa de Alencar. Dez canções registradas em português, inglês, francês e espanhol na ocasião deram origem a O Espírito do Som, seu quarto disco póstumo.



A fita cassete daquela histórica sessão apareceu em 2013 na casa do irmão de Elisa, em Olinda, que a havia ganho de presente da própria Cássia – o que explica porque somente está sendo lançada em CD agora, 14 anos após a morte da artista. O primeiro dos três volumes prometidos com raridades do período em que a carioca começava sua trajetória em musicais no teatro na capital federal até a estreia profissional em estúdio, em 1990, impressiona pelo repertório. Exceto Flor do Sol – parceria com a amiga Simone Saback, rearranjada como single em 2012 –, as demais são covers que nunca haviam vindo à tona em roupagem acústica.

Dos Beatles, ela pinçou For No One, Happiness Is a War Gun e Golden Slumbers. Do baú da MPB, Segredo (Luiz Melodia), Ausência (do “pavão misterioso” Ednardo) e Sua Estupidez (Roberto e Erasmo). As faixas apontam para as direções que Cássia iria seguir depois de se projetar: uma interpréte à vontade tanto no pop/rock e na música brasileira quanto fora desses dois polos, como em Good Morning Heartache (Billie Holiday), Ne me Quitte Pas (Jacques Brel) e Airecillos (Marluí Miranda). Em todas, emerge a personalidade “maldita” de quem ainda era só uma garotinha, mas já tinha malandragem.

DATAS QUADRADAS ||||||| 31 ANOS
O QUÊ: Red Sails in the Sunset, quarto disco do Midnight Oil
QUEM: Banda australiana que explodiu mundialmente no final dos anos 80 com o álbum Diesel and Dust.
POR QUÊ: O grupo ficou conhecido pelos hits Beds Are Burning e The Deat Heart, mas o trabalho anterior mostra que seu som ia muito além da pegada pop que os consagrou entre surfistas, bebendo também do punk e do pós-punk para embalar letras conscientes.
LEGADO: Não precisa ser sisudo para falar de coisas sérias como desarmamento nuclear, direitos indígenas e preservação ambiental. O vocalista Peter Garrett não se restringiu ao discurso – candidato derrotado ao senado de seu país em 1984, o careca continuou na militância após o fim da banda, elegendo-se deputado em 2004 e sendo nomeado ministro do Meio Ambiente, do Patrimônio e das Artes em 2007.
OUÇA:: Jimmy Sharman's Boxer, Kosciusko, Best of Both Worlds.

Carla Pauletti / Agência RBS

Acompanhada apenas por violão, a artista fez covers de rock/pop e de MPB
Foto:  Carla Pauletti  /  Agência RBS


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