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Itapema FM  | 08/08/2015 15h08min

Segunda temporada de "True Detective" chega ao fim em clima geral de frustração

Após um primeiro ano de muito sucesso, novo ciclo da série não convenceu os fãs

Roger Lerina  |  roger.lerina@zerohora.com.br

Quando foi confirmada a ausência de Matthew McConaughey e Woody Harrelson na segunda temporada — e, especialmente, depois do anúncio dos atores Vince Vaughn e Colin Farrell no elenco principal —, os fãs de True Detective dividiram-se na expectativa pelo futuro de seu seriado preferido. Muitos duvidaram que a volta da produção vencedora de cinco Emmy conseguisse repetir o êxito de público e crítica sem sua improvável dupla original; alguns preferiram dar crédito ao criador e roteirista Nic Pizzolatto e acreditaram ser possível replicar com outros personagens e cenários a singular união de trama policial, drama pessoal e estranheza geral que cativou a audiência nos primeiros oito episódios. Céticos e esperançosos, no entanto, foram unânimes pelo menos em um aspecto: a equipe tinha uma tarefa e tanto pela frente.


Neste domingo, vai ao ar pela HBO o derradeiro capítulo da fase dois de True Detective. Conforme previsto por todos, não foi bolinho acompanhar a nova trama sob a sombra do sucesso já conquistado — as comparações com a primeira história foram inevitáveis. Deparamos já de cara com uma mudança radical na estrutura dramática: em vez de um par de protagonistas, agora seriam quatro figuras centrais. No lugar das idas e vindas no tempo em um período de 17 anos, o novo enredo desenrolava-se todo no presente — o esforço exigido foi o de acompanhar os núcleos ligados ao empresário do submundo Frank Semyon (Vaughn), ao tira corrupto Ray Velcoro (Farrell), à policial esquentada Ani Bezzerides (Rachel McAdams) e ao patrulheiro rodoviário Paul Woodrugh (Taylor Kitsch), cujas trajetórias no começo se cruzam eventualmente.

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Ainda em termos de alterações, True Detective mudou também a sintonia de referências estéticas. Na primeira temporada, os crimes investigados no pantanoso sul dos EUA remexiam com os demônios da alma e cutucavam até o sobrenatural — lembrando o universo de David Lynch na série Twin Peaks.


Já o imbróglio que engolfou os novos protagonistas na ensolarada costa californiana é complexo, cheio de desvios e pistas incompletas, um quebra-cabeças semelhante aos romances e filmes do gênero noir com um toque de contemporaneidade. Ao longo da atual temporada, essa migração do tom esquisito lynchiano para o sombrio detetivesco foi ficando mais evidente.

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O grande desafio dos espectadores foi manter a atenção e a curiosidade em conexão com o lento avanço do roteiro por esse labirinto narrativo — que, aos poucos, vem confluindo para o desfecho deste domingo. As falcatruas imobiliárias na fictícia cidade industrial Vinci misturam dinheiro e poder, sexo e violência, nivelando policiais, gângsteres e políticos e mostrando que o que separa os bons dos maus são apenas as circunstâncias. Uma queixa comum foi uma certa lentidão no ritmo, associada ao emaranhado de ligações entre personagens acessórios — muitos deles apenas citados —, dando um nó difícil de desatar.

A partir dos últimos três episódios, as peças vêm se encaixando, a ação ganhou impulso e o suspense crescente sinaliza um final no mínimo interessante. O atual quarteto errático certamente não conquistou a mesma simpatia do público que Rust e Martin — ainda que Colin Farrell, Vince Vaughn e Rachel McAdams tenham emprestado consistência a seus papéis. No final das contas, o grande pecado de True Detective foi que, temendo cair na repetição e na diluição, descolou demais da ideia original. Torçamos para que pelo menos o desenlace amenize a impressão geral de frustração.

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HBO / Divulgação

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Foto:  HBO  /  Divulgação


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