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Itapema FM  | 03/08/2015 15h25min

Zeca Baleiro reprocessa a obra de Zé Ramalho

No CD e DVD "Chão de Giz", Zeca preserva a essência de músicas como "Avôhai" e "Frevo Mulher"

Juarez Fonseca*

No início da carreira, Zeca Baleiro foi considerado por alguns críticos como "o novo Zé Ramalho". Mesmo admirando o cantador paraibano, ele não gostou disso, pois tinha personalidade própria – como logo comprovaria. Em 2013, quando foi convidado pela produtora cultural e cineasta Monique Gardenberg para interpretar canções de Zé no projeto BBCovers, Zeca titubeou. "Fiquei preocupado com a associação", escreve, em texto que integra o material de divulgação à imprensa do DVD Chão de Giz – Zeca Baleiro Canta Zé Ramalho. "Mas o germe do desafio já estava plantado em minha alma de fã", completa. Ainda bem que aceitou.

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No show, gravado em 2014 no Teatro Castro Alves, de Salvador, ele reprocessa a obra do bardo de Brejo do Cruz. Se ela é arrebatada, Zeca a aborda com economia de contrastes, adotando uma concepção cool.

Antes que algum fã fundamentalista (e Zé tem muitos) manifeste contrariedade, aviso: não se preocupe, a essência de sua música está perfeitamente preservada. Com expressão séria, eu até diria grave, Zeca vai escandindo as palavras e frases de Zé em canções de toda a carreira, enquanto as imagens dirigidas por Monique acentuam o clima meio sombrio com o uso frequente do azul-escuro. No início do show, Zeca veste uma capa que vai até os pés e dá um efeito misterioso na projeção da sombra no telão.

Ocupando todo o fundo do palco, o telão tem impacto crescente na visão pelo público. Dois momentos altos: sequências do filme Ivan, o Terrível, de Eisenstein, tensionam a interpretação da música Kriptônia; cenas africanas do filme Powaqqatsi, de Godfrey Reggio, acentuam o dramatismo brasileiro de Admirável Gado Novo.



Chão de Giz é o oitavo DVD e o 15º CD do maranhense. A seu lado está a ótima banda Cavalos do Cão, que sabe ser leve e ser pesada, e em que se destacam Adriano Magoo (teclados, acordeom, violão) e Tuco Marcondes (guitarra, violão, sitar, banjo). As músicas mais antigas do projeto são Beira Mar e Não Existe Molhado Igual ao Pranto, ambas de Zé e Lula Côrtes no lendário álbum Paêbirú, de 1974. Entre as outras, tem Ave de Prata, A Terceira Lâmina, Garoto de Aluguel (Taxi Boy), Chão de Giz, Taxi-
Lunar, Vila do Sossego, Um Pequeno Xote
e Avôhai.

O vídeo do show não mostra o final apoteótico, com o público em pé cantando Frevo Mulher e uma foto de Zé no telão. O final só aparece nos extras do DVD – decisão sábia de Monique para preservar a aura cool. Outro extra, óbvio e surpreendente, é o clipe de Taxi Boy.

Uma das metalinguagens do projeto é que o homenageado é campeão em fazer tributos. Zé Ramalho tem discos cantando Raul Seixas, Luiz Gonzaga, Bob Dylan, Jackson do Pandeiro e Beatles. Agora chegou a vez dele.

* Jornalista, crítico musical e colunista do 2º Caderno

SEGUNDO CADERNO
Rama de Oliveira / Divulgação

Músico maranhense recriou clássicos em montagem cool e de bomg gosto
Foto:  Rama de Oliveira  /  Divulgação


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