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Itapema FM  | 17/07/2015 15h19min

Gustavo Brigatti: "God of War" e a diversão pela diversão

Remasterização de "God of War 3" nos lembra de tempos em que um jogo de ação era só um jogo de ação

Gustavo Brigatti  |  gustavo.brigatti@zerohora.com.br

Blábláblá o Olimpo vai cair blábláblá essa batalha é minha blábláblá vou te matar blábláblá daí você não passa bláblábá tá olhando o quê? e de-lhe correntes e lâminas girando feito baiana na Sapucaí, piscinas de sangue, pedaços de monstro pra todo lado e joystick pedindo tempo técnico. Em resumo, é por isso que amamos tanto God of War.

Em tempos de jogos de ação complexos, longos, abarrotados de side missions e com mapas do tamanho de pequenos países reais, é aliviante botar as mãos de novo em um título como God of War 3. Remasterizado para PlayStation 4 pelo mesmo Santa Monica Studio original, o terceiro capítulo da saga de vingança de Kratos nos lembra que videogames podem ser pura e simplesmente divertidos.

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A começar pelos comandos, limitados a basicamente dois: pular e atacar. Com um botão de apoio e o devido aprimoramento das suas habilidades, novos golpes são destravados. Se você quiser usá-los, ótimo. Se não, vai em frente com o básico que ninguém vai te obrigar a fazer uma aula de aeróbica com os dedos para conseguir avançar no jogo.

Há ainda poderes especiais, que podem ser liberados para dar uma limpada na tela quando o bicho pega, e outras opções de armas que tornam a jogatina mais dinâmica _ e o balé sanguinário de Kratos, mais variado e bonito. E, no geral, é disso que God of War (a série toda) trata: esmigalhar os botões do joystick para destroçar tudo o que se move. É bonito – chega a ser quase poético – quando o brutamontes perdido de vista, soterrado de inimigos, num amassar de botões, lava o cenário de sangue e transforma todos eles em esferas coloridas brilhantes.

Nem precisa pensar muito _ ou pense, se quiser, mas só se quiser. A graça de God of War está justamente na diversão descerebrada, no chapante fluxo continuou de ação protagonizado pelo jogador.

Claro, intercalada com a carnificina há alguns puzzles, mas todos muito intuitivos, beirando o óbvio. Tira esse coluna daqui e bota ali pra fazer a roldana girar, abaixa essa pedra pra fazer a escada aparecer... Estão ali mais para o jogador dar uma respirada do que necessariamente desafiá-lo. Fora que, numa análise fria, não têm nenhuma lógica de existirem _ por que, por exemplo, Zeus deixaria a Chama do Olimpo, fonte do seu poder, à mão de qualquer um que pudesse girar uma alavanca? Besteira.

Assim como besta é também quase toda a história de God of War. O sujeito é um baita de um general espartano, sangue nos olhos total, mas na hora de morrer com honra no campo de batalha, faz o que? Se borra todo e pede a ajuda do seu deus de estimação. Daí, leva uma facada nas costas e fica todo nervosinho. Tenha dó, Homero se revira na tumba.

Quer dizer, esquece isso. Se puder, jogue conectado ao Spotify com uma playlist de rock cavalar, cheia de hardão setentista e metal épico dos 1980. Porque God of War é um jogo de ação, feito para se divertir e nada além. Ainda bem. Valeu, falou.

SEGUNDO CADERNO
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