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Itapema FM  | 02/07/2015 05h01min

Gustavo Brigatti: cansamos do futuro?

Estúdio que recupera jogos clássicos atende a uma impressionante demanda saudosista

Gustavo Brigatti  |  gustavo.brigatti@zerohora.com.br

A Bíblia de Gutenberg está entre os primeiros livros impressos da história. Isso foi nos anos 1450, mas, se você quiser, é possível dar uma olhada em algumas de suas cópias originais, guardadas em museus e instituições de ensino. Agora pense em videogames: onde você jogaria o primeiro Mega Man, lançado em 1987?

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Da mesma forma que livros – e filmes, músicas, peças de arte –, jogos precisam ser preservados para não desaparecerem. E por preservar estamos falando em torná-los acessíveis mesmo quando seus formatos originais não forem mais compatíveis com a tecnologia atual. Explico: um jogo em cartucho, lançado nos anos 1980, só pode ser acessado em aparelhos que leem cartuchos. Esses aparelhos não são mais fabricados, encontrando-se apenas entre colecionadores.

Claro, existem emuladores que permitem rodar alguns jogos em PC, mas são soluções precárias e voltadas apenas para usuários de computador. É diferente do que propõe o Digital Eclipse, estúdio que restaura e lança jogos clássicos para todas as plataformas – incluindo as que ainda não foram lançadas. O primeiro será Mega Man, cuja Mega Man Legacy Collection trará todos os jogos do robozinho azul criados entre 1987 e 1992 – e estará disponível para PS4, Xbox One e PC nos próximos meses.

A iniciativa do Digital Eclipse, além de preservar a memória do videogame, também supre uma impressionante demanda saudosista. Para se ter uma ideia, a GameStop, uma das maiores cadeias de varejo de games do mundo, começou nesta semana a vender consoles e jogos que já saíram de linha – de Master System a Dreamcast. Em março, a franquia retomou a venda de PlayStation 2, parada desde que o aparelho deixou de ser fabricado, em 2013. Ao mesmo tempo, o XBox One patina para emplacar no Japão, um dos maiores mercados de games do mundo.

Parte dessa reverência ao passado foi abordada na coluna da semana passada, quando um balanço da E3 (maior feira de games do planeta) mostrou que a maior parte dos grandes lançamentos é composta por remakes e reboots de jogos velhos.

Começo a pensar se essa nostalgia é mesmo somente saudade de uma época ou se estamos ficando cansados de tantas novidades. Cansados de tanto futuro – um futuro que às vezes é irritantemente defeituoso, como demonstram os jogos que saem de fábrica quebrados (Batman: Arkham Knight é só o exemplo mais recente).

O passado, de repente, tornou-se um ponto de fuga perfeito para descansar. Um lugar aconchegante e seguro. Mesmo que com certo sabor de morto-vivo.

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