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Itapema FM  | 30/06/2015 07h01min

Conheça o Imposto Vira Cultura, plataforma de financiamento coletivo criada em Florianópolis

Pessoas físicas e jurídicas podem escolher projetos culturais para beneficiar com dedução no Imposto de Renda

Gabriele Duarte  |  gabriele.duarte@horasc.com.br

Empreendedorismo na veia, ancorado na laureada economia criativa, o Imposto Vira Cultura é uma plataforma em que pessoas físicas (e também jurídicas) revertem parte do imposto de renda em investimento em projetos culturais. A ideia é de Lidiane Lemes, que falou sobre a iniciativa ao Anexo durante o TEDx Floripa, que aconteceu na capital catarinense no último fim de semana.

Como funciona a plataforma?

A ideia surgiu em 2011, mas só saiu do papel no ano passado durante o Social Good Brasil. A proposta é conectar quem produz cultura com quem pode incentivá-la. Percebemos que a maioria dos projetos aprovados em leis de incentivo, como a Lei Rouanet, não consegue ser realizado porque não recebe os recursos. Então decidimos mostrar que parte do Imposto de Renda de pessoas físicas (até 6%) e pessoas jurídicas (até 4%) pode ser revertida para incentivar esses projetos culturais ociosos. Serviremos como uma vitrine de iniciativas que tenham impacto cultural, mas que necessitam de captação de recursos. A pessoa entra, escolhe o projeto que deseja incentivar, deposita o valor proporcional ao imposto de renda devido e acompanha o desenvolvimento do produto cultural por até dois anos. Em vez de ir para o governo, que faz essa renúncia fiscal desde 1991, a grana vai para quem tem uma ideia bacana de cultura. Depois, o valor pode ser restituído ou deduzido.

Qual o impacto da plataforma no trabalho dos produtores culturais?

Em um relatório divulgado pelo Ministério da Cultura no ano passado, foi demonstrado que apenas cerca de mil pessoas destinaram parte do imposto de renda devido a projetos culturais, em um universo de 10 milhões de brasileiros. Isso acontece porque a maioria desconhece a possibilidade de incentivo. A plataforma vem para desmistificar isso e conseguir desenvolver esses projetos. Queremos fomentar a produção cultural dos mais variados artistas, gerar postos de trabalho da tão falada economia criativa e também impostos.

Quantos projetos estão sendo viabilizados pelo Imposto Vira Cultura?

Estamos com seis projetos aprovados em fase de captação. Entre eles, música, teatro, audiovisual e literatura catarinenses aguardam incentivo de pessoas ou empresas. Como estamos sediados em Florianópolis, por enquanto nossa vitrine será composta por projetos locais, por uma questão de identificação. Quem incentivar, vai querer ver de perto o produto cultural.

Você espera que mais empresas ou que mais pessoas acabem financiando os projetos?

Mais pessoas, principalmente, porque espero que cada vez mais as pessoas se deem conta de que precisam consumir cultura. De que nós todos somos feitos de cultura. Queremos que as pessoas se sintam empoderadas e tenham autonomia para escolher uma iniciativa, acompanhá-la e usufruí-la. Mas também queremos despertar o interesse das empresas para que elas vejam o financiamento não somente como interesse de marketing, mas principalmente como valor de difusão cultural. Hoje nossa base é a Lei Rouanet, mas pensamos em, no futuro, usar a legislação e impostos municipal e estadual para incentivar ainda mais projetos.

Leia as últimas notícias sobre variedades no Anexo

Confira os projetos em fase de captação na plataforma

1) Sunset instrumental (Música)

O "Sunset Instrumental" é um projeto de música instrumental erudita, que apresentará seis concertos gratuitos, executando obras de compositores eruditos consagrados, interpretados pelo quinteto SÓ Instrumental. A execução dos concertos será no verão, em seis praias diferentes de Florianópolis, realizados no horário mais bonito do dia, o pôr do sol. Proponente: Cabeça Cultural Produções.

2) Que história é essa? (Teatro)

"Que historia é essa?" É um espetáculo de teatro infantil, seu enredo apresentará sete histórias clássicas infantis e lendas brasileiras e catarinenses em um único espetáculo. João o protagonista da história é um menino fascinado por histórias, mas seus pais em função de seus trabalhos, não tem mais tempo para contá-las. Um certo dia, quando voltava da escola, João foi surpreendido por uma forte ventania que o derrubou ao lado de uma lixeira. Ao se levantar João se depara com muitas páginas de livros espalhadas pelo chão, e ao juntá-las ele percebe que se trata de extraordinárias histórias de livros infantis, e decide levá-las pra casa, para e remontar os livros novamente. Mas, ao juntar as páginas aleatoriamente, João não percebe que montou um livro  mágico e que está prestes a viver uma fantástica aventura. Proponente: Cabeça Cultural Produções.

3) Conectados transformamos II (Documentário)

Um documentário de 52 minutos que mostrará histórias inspiradoras de pessoas que têm uma vida com propósito. Serão escolhidos personagens que usam as tecnologias, novas mídias ou pensamento inovador para mudar o mundo. A nova cultura digital mudou a maneira como as pessoas pensam e interagem. Cidadãos comuns estão transformando a sociedade todos os dias com micro-ações que, juntas, se tornam grandiosas. Muita gente não sabe que isso é possível, por isso o objetivo com o filme, uma peça de inspiração super poderosa, será mostrar quem são essas pessoas e levar a mensagem cada vez mais longe. São histórias inspiradoras de pessoas que decidiram agir para fazer a diferença e estão dispostas a levantar cada tijolo para alcançar a mudança que desejam ver no mundo que despertam nas pessoas um sentimento de mudança para fazer a sua parte. Proponente: Instituto Comunitário da Grande Florianópolis.

4) Gravação do disco - Eu e a Terra dos Sonhadores (Música)

Gravação e prensagem do disco instrumental: Eu e a terra dos sonhadores, do compositor e instrumentista Mazin Silva, com a participação especial de grandes nomes da música brasileira, como Roberto Menescal, Toninho Horta, Thiago do Espírito Santo, Kiko Freitas, Arthur Maia, Otávio Castro e Adriano Giffoni. Proponente: Angelita Linhares (produtora cultural).

5) I FLINEVE - Festival Literário da Neve Catarinense (Literatura)

O I FLINEVE pretende fortalecer a cultura e o turismo na região da Serra Catarinense, promover a difusão do livro e da leitura no estado; apresentar ao leitor catarinense as obras dos grandes escritores contemporâneos do Brasil e do estado. Promover oficinas especializadas no gênero para capacitar uma nova geração de escritores em Santa Catarina. Colocar Santa Catarina na rota dos festivais literários nacionais; chamar a atenção do país para o movimento literário latente do estado; criar a oportunidade de o leitor catarinense conhecer, ver e ouvir os escritores que estão construindo a literatura brasileira nos dias de hoje, manter um evento literário com atrações gratuitas para facilitar o acesso de todo cidadão catarinense. O I FLINEVE colocará o estado na rota dos festivais literários do país; entre os dias 12 a 16 de agosto de 2015, e trará para o estado autores que de outra maneira nunca viriam para cá; possibilitará a escritores  e leitores o contato com o que de melhor se produz em ficção nacional. Proponente: Salma Ferraz (produtora cultural).

DIÁRIO CATARINENSE
João Neto / Divulgação

A gaúcha Lidiane Lemes é a idealizadora do Imposto Vira Cultura
Foto:  João Neto  /  Divulgação


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