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Itapema FM  | 22/06/2015 06h11min

Com a liberação das biografias, veja quais títulos podem ser publicados por escritores catarinenses

Pelos menos três histórias podem sair do papel com o fim da autorização prévia

RAFAELA MAZZARO  |  rafaela.mazzaro@an.com.br

Contados por autores catarinenses, as histórias do fim do Bandido da Luz Vermelha, do julgamento emblemático do cantor Gilberto Gil e da trajetória polêmica da atriz de teatro Ruth Escobar poderiam ficar trancadas da gaveta se ainda valesse a exigência de consentimento prévio para biografias. Libertas desta autorização seja pelo biografado ou por seus herdeiros, as histórias que adentram a uma intimidade só poderão ser retiradas das prateleiras caso contenham fatos inverídicos ou ofensas à honra ou à imagem do biografado.

Em Santa Catarina, pelo menos três livros podem se beneficiar da recente decisão do
Supremo Tribunal Federal. Um deles já está sob a avaliação de uma editora nacional. O destino de O embate além do sangue e da carne de Ruth Escobar: facetas de uma guerreira (título provisório), do doutor em teatro Eder Sumariva Rodrigues, de Palhoça, está nas mãos do Sesc/SP e também deve ser submetido à editora Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.

O livro é a íntegra da tese de doutorado que o catarinense fez baseado em sete anos de pesquisas sobre a atriz e produtora cultural luso-brasileira, de 80 anos. Rodrigues conta que dois dos quatro filhos de Ruth, que há 15 anos sofre de Alzheimer, sabem da pesquisa e são favoráveis à publicação, mas que não pode adiantar se teria problemas caso a obra tivesse que passar pelo crivo de todos os herdeiros.

– Apesar de todo o embasamento teórico ter sido feito em fontes documentais recolhidas no Brasil e em Portugal a respeito de Ruth Escobar, a recepção da leitura da pesquisa é aberta. Uns poderiam questionar, outros não. A trajetória de Ruth é envolta em polêmicas – comenta o autor.

A derrubada da autorização prévia encorajou Marcos Espíndola e Fábio Bianchini, de Florianópolis, a tirar da gaveta a vontade antiga de estender o relato histórico sobre a prisão de Gilberto Gil na Capital, na década de 1970. Joel Gehlen, de Joinville, também voltou a flertar com a história do Bandido da Luz Vermelha, repousada nas ideias por depender da autorização de familiares do mito, morto em 1998.

O MITO LUZ VERMELHA

Condenado à prisão por 77 roubos, quatro assassinatos e sete tentativas de homicídio, João Acácio Pereira da Costa, conhecido como Bandido da Luz Vermelha, passou de criminoso a inspiração para produções de cinema e na música. Segundo o autor Joel Gehlen, a história de João Acácio tem várias faces a serem exploradas pela biografia. Uma delas é o tom de romantismo com que a imprensa tratou o percurso do bandido, além das semelhanças identificadas entre ele e o criminoso estadunidense Caryl Chessman, com mesmo apelido.

Em 1997, João Acácio retornou como celebridade a Joinville, onde cometeu alguns de seus crimes, após 30 anos preso. Ele foi morto com um tiro de espingarda. Na época, a morte de João Acácio foi considerada legítima defesa.

– Ele faz o caminho inverso, pois veio morrer justamente na Vigorelli, uma vila pacata – explica Joel, que agora recolhe documentos sobre o Luz Vermelha, enquanto dá continuidade a outras duas biografias, da coreógrafa e professora de dança Liselotte Trinks, e da crítica de dança Suzana Braga.


PRISÃO DE GIL NA CAPITAL

O jornalista Marcos Espíndola, em parceria com Fábio Bianchini, pretende retomar ainda neste ano a análise de documentos e o recolhimento de depoimentos sobre o episódio que marcou a passagem de Gilberto Gil por Florianópolis, em 1967. O cantor foi preso na Capital após ser pego com um cigarro de maconha. Em um julgamento inédito até então, Gil precisou se submeter a tratamento.

A história foi retomada por Marcos em 2003, para a revista Donna, e em 2006, para a reportagem de oito páginas para a revista Bizz, esta em parceria com Bianchini. A intenção de Marcos é aproveitar os 40 anos do episódio, no ano que vem, para revelar detalhes dos autos do processo e incluir o fato dentro das discussões sobre descriminalização das drogas.

– É um assunto que está latente mesmo depois de anos – comenta.


LUTA A FAVOR DO TEATRO


A pesquisa de Eder Sumariva Rodrigues abrange a vida e obra de Ruth Escobar entre 1935 e 1990, principalmente o período em que ela empreendeu uma série de atividades profissionais e lutas sócio-políticas. O catarinense teve acesso a documentos até então nunca trabalhados na historiografia teatral brasileira.

– Foi possível estabelecer um olhar multifacetado para Ruth Escobar e construir uma narrativa de vida compreendida como relato de práticas – explica Rodrigues, que teve contato com ela duas vezes.

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Transformação de Luz Vermelha: de criminoso a celebridade
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