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Itapema FM  | 18/06/2015 05h01min

Gustavo Brigatti: o museu de grandes novidades da E3

Remakes e continuações dão a tônica da feira e indicam que talvez falte generosidade e sobre preguiça para o público e para a indústria

Gustavo Brigatti  |  gustavo.brigatti@zerohora.com.br

Acordo e o noticiário está destacando Doom, Final Fantasy, Zelda, Tomb Raider e Star Fox. Acho estranho e confiro o calendário para saber se não estou preso em algum lugar entre os anos 1980 e 90. Mas é 2015, e esses jogos acabaram de ser anunciados na E3, o maior evento de games do mundo. O que está acontecendo (e o que vai acontecer) é o que vamos tentar descobrir nas próximas linhas.

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É público e notório que vivemos, há alguns bons anos, uma entressafra de criatividade na indústria cultural. Está sendo assim na música, no cinema, na literatura e não teria por que ser diferente nos videogames. Parece que tudo o que não é remake ou reboot é continuação ou derivação. Estaria sobrando preguiça e faltando generosidade para com o novo, o diferente, o esquisito, o ousado?

A julgar pelo que está sendo destaque na E3, sim. As conferências das principais desenvolvedoras ali presentes são museus de grandes novidades: Bethesda veio com o remake de Doom e o quarto capítulo de Fallout; Sony apostou em Uncharted 4 e no remake de Final Fantasy VII; Halo 5 e Forza Motorsport 6 ocuparam a maior parte do tempo da Microsoft; EA apresentou continuações para Need for Speed, Mass Effect e Plants vs. Zombies; e por aí vai.

Claro que muita coisa inédita foi mostrada, mas não com a mesma pirotecnia. Até porque eventos como a E3 são feitos para chamar a atenção para produtos com alta demanda, blockbusters que custam milhões e precisam faturar bilhões. Jogos que falam mais ao coração do que ao cérebro – este é ponto onde quero chegar.

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Apostar em franquias e/ou personagens manjados do grande público é apelar para o jogo ganho da memória afetiva. "Propaganda é a alma do negócio, no nosso peito bate um alvo muito fácil", vaticinou Humberto Gessinger lá em 1995 em A Promessa. Quando surgiram, há 20, 30 anos, os jogos citados no primeiro parágrafo foram divisores de águas, criando legiões de fãs.

Esses fãs hoje representam a maior parte do público consumidor de videogame, que é em quem o grosso dessa reciclagem de títulos mira – e ganha tanto destaque justamente porque o retorno é garantido. Logo, não há motivo algum para arriscar contar novas histórias ou investir em franquias inéditas. Não há motivo para correr riscos.

O problema é que sem risco não há avanço. Evoluímos nos erros, não nos acertos. Hoje, as únicas dispostas a arriscar são as pequenas e médias companhias, que obviamente não têm a mesma força e alcance dos grandes – nem uma conferência cheia de néon e máquina de fumaça na E3 que lhe renda uma cobertura legal da imprensa especializada...

Porém, é interessante pensar que correr riscos era algo inerente à indústria do videogame. Avançar por caminhos não percorridos foi justamente o que tornou Doom, Final Fantasy, Tomb Raider e Star Fox tão importantes e queridos – e não há problema algum em continuar a desenvolver boas ideias e bons personagens. Mas que jogo lançado hoje vai viver o bastante para valer uma reedição daqui 30 anos? Ou será que em 2045 estaremos acordando para ler sobre uma nova versão de Zelda? Aguardemos os próximos capítulos.

SEGUNDO CADERNO
CHRISTIAN PETERSEN / GETTY IMAGES NORTH AMERICA

"Final Fantasy 7 - Remake" sendo apresentado na E3, em Los Angeles
Foto:  CHRISTIAN PETERSEN  /  GETTY IMAGES NORTH AMERICA


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