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Itapema FM  | 15/06/2015 06h59min

Peça com Antonio Fagundes é encenada em Joinville

Comédia 'Tribos' será apresentada na sexta e no sábado, no Teatro Juarez Machado

Rafaela Mazzaro  |  rafaela.mazzaro@an.com.br

Prestes a completar meio século de carreira, é no teatro que Antonio Fagundes diz se sentir em casa, embora a imagem dele seja indissociável da história da teledramaturgia brasileira. Tanto que mesmo sem comparecer ao Projac, ele continua triplamente no ar – na Rede Globo, como o Bruno Mezenga, em O Rei do Gado, e no Viva, como o Pedro de Carga Pesada e o Felipe de O Dono do Mundo.

Ao contrário de muitos atores, os palcos até podem tê- lo o levado para a tela, mas a verdade é que Fagundes nunca abandonou as coxias. Na finaleira da turnê da comédia Tribos, seu 29º trabalho no gênero e com o qual compartilha pela terceira vez a cena com o filho Bruno Fagundes, ele passará por Joinville na sexta- feira e no sábado.

A dupla também vive pai – Christopher, um crítico acadêmico sarcástico – e filho – Daniel, que nasceu surdo – no texto da britânica Nina Raine, com direção de Ulysses Cruz. Dentro do ambiente familiar, o espetáculo trata de pertencimento, preconceito, convivência com as diferenças e surdez universal. O elenco é completado por Eliete Cigarini (a mãe), Guilherme Magon, Maíra Dvorek (irmãos de Daniel) e Arieta Corrêa (Silvia).

Em entrevista ao Anexo, Antonio Fagundes fala como lida com o fato de ser mais conhecido pelos papéis em novelas do que no teatro e da parceria com o filho, que será retomada em breve com uma nova temporada da peça Vermelho

A passagem de peças como Tribos por Joinville é um tanto quanto festejada, tal a carência de grandes produções na cidade. Normalmente, Joinville fica fora das turnês. Para o ator, alcançar este público “desassistido” também é motivo para comemorar?
Com certeza. A gente fez uma excursão bem diferenciada neste sentido. Procuramos ir a cidades onde não tínhamos ido e que normalmente não são contempladas. Posso dizer que das 30 cidades que marcamos de visitar, metade foram em praças que não têm hábito de receber bons espetáculos. Talvez grande parte deste público só conheça o seu trabalho no cinema e na TV, o que é injusto já que sua atuação nos palcos sempre se manteve entre uma mídia e outra.

Incomoda o fato de uma parte do seu trabalho ter menor alcance por uma parcela do público?
Essa é a condição primeira do teatro. Ele é feito para pouca gente mesmo. É uma arte limitada no seu alcance e talvez por isso mesmo seja uma coisa tão especial, uma arte que deva ser preservada. Por mais que você viaje, e eu faço viagens com teatro há mais de 50 anos, sempre tem uma cidade que eu nunca fui.

Com quase um trabalho na TV por ano, sem contar os anos seguidos de Carga Pesada, o teatro é um “respiro”?
Eu diria que a televisão tem sido um respiro no meu trabalho de teatro. No ano que vem, em janeiro, vou fazer 50 anos de teatro e só tenho 40 de televisão e 41 de cinema. Então, o meu teatro é a minha pátria.

Você sente que quando leva para o palco discussões como esta do Tribos, sobre tolerância e convívio com as diferenças, passa a ter uma responsabilidade também ligada à educação?
Educação é a propagação de cultura. Então, qualquer peça de teatro está ligada à educação. Uma das funções sociais do teatro é exatamente mexer com a cabeça das pessoas. Naturalmente, a gente já parte do princípio de que uma peça que modificou a nossa cabeça vai mexer com as pessoas também. Temos uma brincadeira que diz que uma boa peça de teatro é aquela que faz o público pensar pelo menos cinco minutos até o estacionamento e tenho certeza de que Tribos vai fazer as pessoas refletirem um pouco mais do que isso.

A defesa às diferenças parece ser melhor aceita no palco do que na TV. Você concorda com isso, tendo em vista algumas adequações feitas recentemente nas telenovelas?
O que acontece com a televisão é que ela não tem limites, no sentido de que passa por todas as camadas da população. A gente pressupõe que as pessoas que vão ao teatro estão a procura de uma coisa além do que o puro entretenimento. A televisão brasileira sempre primou por não ser só entretenimento, mas discutir algumas questões sociais, políticas e de preconceito. Isso ela vem fazendo muito bem. Mas a gente não pode esquecer de que uma grande massa da população, às vezes não preparada, às vezes não bem informada e com pouca educação, está recebendo isso. Então é natural que aconteça algumas reações mais conservadoras.

Este é o segundo trabalho no teatro em parceria com seu filho. Vocês têm planos de fazer outros trabalhos juntos depois de encerrada a temporada de Tribos?
Temos dado tão certo que já fizemos o segundo trabalho em teatro e um em televisão. Seguramente, nós faremos juntos todas as peças que aparecerem com papéis bons para mim e para ele, porque foi uma parceria que deu muito certo. Tanto que vamos voltar a fazer o Vermelho, a primeira peça que fizemos juntos. Vamos estrear em São Paulo, no dia 11 de setembro, lá no Tuca (Teatro da Universidade Católica de São Paulo).

A reprise de O Rei do Gado vem batendo recorde de audiência no horário. Se você pudesse escolher entre as novelas que protagonizou, qual gostaria de rever?

Isso é meio complicado porque eu tive muita sorte. Não fiz muitas novelas comparado ao tempo que tenho de carreira, mas posso dizer que tive sorte de fazer bons papéis em ótimas novelas neste número limitado de trabalhos. Seria injusto comigo mesmo se eu pinçasse apenas um trabalho.

Agende-se

O quê: espetáculo Tribos, com Antonio Fagundes
Quando: sexta, às 19h, e sábado, às 20h
Onde: Teatro Juarez Machado, anexo ao Centreventos Cau Hansen (Avenida José Vieira, 315, Centro, Joinville)
Quanto: R$ 100, à venda no ticketcenter.com.br. Estudantes, professores e idosos pagam meia-entrada. Titular e acompanhante do Clube do Assinante RBS têm desconto de 30%

A NOTÍCIA
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