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Itapema FM  | 13/06/2015 11h24min

Ricardo Ferraço (PMDB-ES) quer arquivar lei das biografias no Senado

Parlamentar também é contra a chamada emenda Caiado, que prevê a exclusão de trechos de livros julgados injuriosos e ofensivos

Atualizada às 12h46min

O projeto de lei que tramita o Senado para liberar biografias recebeu um pedido de arquivamento. Como a decisão do Supremo Tribunal Federal já permitiu a publicação de livros nãos autorizados e o projeto contém uma emenda que prevê a exclusão de trechos das obras, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), já prepara um voto pelo arquivamento do projeto.

Ferraço é contra a chamada emenda Caiado, proposta pelo senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), que prevê a exclusão de trechos de livros julgados injuriosos e ofensivos, sendo tal julgamento feito com mais rapidez por tribunais ligados ao Juizado Especial.

– O projeto acerta quando resolve (abolir) a censura prévia, mas cria um retrocesso quando incorpora a censura posterior – justifica o senador.

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A decisão do STF, na última terça-feira, fez com que o relator e presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte, Romário (PSB-RJ), pedisse para reavaliar o texto.

Ferraço antecipou à reportagem do Estado de S.Paulo que já prepara um voto pelo arquivamento do projeto caso Romário permita em seu parecer a permanência da emenda Caiado.

– Mas creio que ele pediu para reexaminar o texto para poder refletir sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal. Se ele apresentar seu relatório argumentando haver prejudicialidade (o que levaria ao arquivamento automático), eu voto com ele – explica.

Segundo a assessoria de imprensa de Romário, ele só vai se manifestar depois de reexaminar o projeto, durante este final de semana.

Ao chegar na frente do Legislativo, o STF expôs à sociedade, na opinião de Ferraço, a burocracia da Casa que torna os processos muito mais lentos do que deveriam ser.

– Por mim, eu teria resolvido isso há um tempo. Na condição de relator que era, não teria aguardado o STF.

Dois requerimentos, feitos pelos senadores Ronaldo Caiado e Agripino Maia (também do DEM), pediram que o projeto saísse da CCJ (de Ferraço) e fosse para as mãos de Romário na CE. O ato, negado por Romário e Caiado, foi interpretado nos bastidores como uma manobra para adiar a votação ao máximo.

Caiado também já se manifestou de que não é contra a liberdade de expressão nem prega a censura prévia. Sua assessoria informou que ele não se pronunciaria ontem por estar incomunicável, fora de Brasília.

Deborah Sztajnberg, advogada de Paulo Cesar de Araújo, biógrafo impedido de comercializar a biografia de Roberto Carlos, afirma considerar um absurdo o Senado legislar sobre algo que o STF já disse como vai ser.

– Quem manda e decide sobre as coisas neste país é o Supremo, e não o Legislativo. Se assim não fosse, não haveria tamanha judicialização de tantas questões que poderiam ser resolvidas em outras esferas – comentou Deborah.

Há o temor de que a emenda Caiado passe a ser exercida como um instrumento de censura posterior. Isso porque não há nenhum acordo sobre o que, no caso das pessoas notórias, seria de fato prejudicial à intimidade ou de importância biográfica. A defesa de Roberto baseia agora seu discurso no direito à intimidade. Mas esse também, ainda, só existe na esfera das abstrações.

* Estadão Conteúdo

Senador Ricardo Ferraço / Agência Senado/Divulgação

Senador Ricardo Ferraço
Foto:  Senador Ricardo Ferraço  /  Agência Senado/Divulgação


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