Itapema FM | 09/06/2015 18h46min
Ficou para esta quarta-feira o episódio mais importante da recente novela envolvendo as biografias não autorizadas. Marcado para as 14h, o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) responderá à questão da possibilidade ou não de publicar obras biográficas sem o consentimento da pessoa biografada ou de sua família. A tendência, de acordo com especialistas e com o ministro Gilmar Mendes, é de que o STF vote contra a Ação Direta de Inconstitucionalidade 4815 e dê permissão para a publicação de tais obras.
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– Já há um precedente que aponta no sentido de autorizar a publicação e impedir a censura prévia. Além disso, é de se perguntar se os artigos em discussão não contrariam dispositivos constitucionais, principalmente o artigo 5º, inciso IX, que diz que "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" – diz o advogado constitucionalista Eduardo Carrion, professor titular de Direito Constitucional da UFRGS e da Escola Superior do Ministério Público (FMP).
A ação, movida pela Associação Nacional dos Editores de Livros (Anel), pede que os artigos 20 e 21 do Código Civil sejam considerados improcedentes para obras biográficas. Segundo o texto, válido desde 2003, obras não autorizadas que "atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade" do biografado podem ser proibidas. Previsto para as 14h, o julgamento, entretanto, não deve terminar nesta quarta-feira. Isso porque, além dos 10 ministros – incluindo a relatora Carmen Lúcia e o presidente da casa Ricardo Lewandowski –, têm direito a falar outros nove envolvidos no caso.
Os dois principais são a Anel, que entrou com a ação, e o advogado-geral da União, que representa a Presidência da República e o Congresso Nacional, órgãos intimados na ação. Além deles, há os envolvidos que entram como amicus curiae – nome dado a entidades que são partes interessadas e tenham representatividade para se manifestar sobre o caso julgado: o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), a ONG Artigo 19, a Academia Brasileira de Letras, a Associação Eduardo Banks, o Conselho Federal da OAB, o Instituto dos Advogados de São Paulo e o Instituto Amigo, do cantor Roberto Carlos. Cada uma dessas partes interessadas terá 15 minutos para dar o seu parecer sobre a situação.
Com tantos envolvidos, é possível que a decisão final do STF fique para mais tarde. Até porque cada ministro tem o direito de pedir vistas, ou seja, mais tempo para analisar o caso e dar o seu parecer final. Em casos de maior repercussão, lembra o advogado Eduardo Carrion, é comum os ministros apresentarem votos longos, o que pode atrasar ainda mais a conclusão do processo.
Ainda assim, mesmo que a ação seja considerada improcedente, o futuro das biografias não autorizadas não é necessariamente o ideal para os editores. Os advogados do Instituto Amigo avaliam que o poder judiciário deve julgar, posteriormente, caso a caso quando houver conflito entre liberdade de expressão e direito à privacidade. Para editores e biógrafos, caso isso fique decidido, a questão pouco avança, já que livros poderiam ser recolhidos das prateleiras com base em conceitos subjetivos, como "interesse público".
Roberto Carlos vai ser representado no julgamento pelo advogado do Instituto Amigo
Foto:
João Cotta
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TV Globo/Divulgação
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