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Itapema FM  | 01/06/2015 15h08min

Prefeitura de Paris retira "cadeados do amor" da Pont des Arts

Havia entre 700 mil e um milhão de objetos metálicos, que pesavam no total 45 toneladas

Itamar Melo  |  itamar.melo@zerohora.com.br

A cidade mais romântica do mundo não suportou o peso de tanto amor. Um milhão de cadeados presos por casais apaixonados às grades da Pont des Arts começaram a ser retirados ontem, de forma inapelável e definitiva, pela prefeitura de Paris. Símbolo de paixões que deveriam durar para sempre, foram derrotados pela pragmática aridez dos cálculos de engenharia.

As autoridades parisienses resolveram remover os famosos “cadeados do amor” porque ameaçavam pôr abaixo a passarela, localizada nas imediações do Museu do Louvre. No total, significavam um peso extra de 45 toneladas para a estrutura. A medida será estendida a outras pontes da capital francesa.

Em lugar dos gradis metálicos, que passaram a ser cortados na manhã ontem com serras especiais, a prefeitura colocará placas de acrílico nas laterais da ponte sobre o Sena. O plano da administração é fazer os enamorados afixarem selfies no local.


– Vamos retirar um a um todos os cadeados de todas as pontes. Paris deve continuar sendo a capital do amor. Que os casais sigam declarando sua paixão, pedindo em casamento, talvez na Pont des Arts. Mas, por favor, sem cadeados – apelou Bruno Julliard, vice-prefeito da capital a cargo da Cultura.

O escritor Airton Ortiz, autor de um livro sobre Paris no qual aborda a tradição da Pont des Arts, acredita que a novidade não será tão popular:

– A foto dura três dias. Com ela, perde-se todo o sentido. A magia do cadeado é ser uma coisa eterna. Simboliza que o amor do casal é para sempre e não vai se romper. Destruíram uma marca de Paris. São tradições como essa que tornam a cidade uma atração. Quando um turista chega, quer interagir com um lugar, com sua história. Os cadeados eram uma maneira de fazer isso. Paris perdeu um pouco do seu charme.

A prefeitura anunciou que vai dar uma segunda chance ao amor: promete estudar formas de reciclar os cadeados removidos.

Fechada para o amor eterno

Não é de agora que essa modalidade de romantismo esbarra no pragmatismo burocrático dos gestores públicos. Várias cidades tomaram iniciativas para remover cadeados ao longo dos últimos anos, por motivos estéticos e de segurança, incluindo Roma, Florença, Dublin, Toronto e Canberra.

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Em Paris, onde a falta de espaço ao longo dos 155 metros da Pont des Arts levava os apaixonados a prender cadeados em outros cadeados, a solução que vinha sendo adotada era fazer uma limpa de tempos em tempos, quando a situação chegava aos limites da irresponsabilidade.

Essa política começou a mudar em junho do ano passado, depois de uma parte da balaustrada desabar, vergada pelo peso das juras eternas. A decisão de retirar os cadeados em definitivo e de trocar a grade por uma placa de acrílico foi comemorada por uns e lamentada por outros.

No ano passado, 10 mil pessoas assinaram uma petição contra os “love locks”, temendo por um acidente grave na passarela de pedestres. As duas americanas que lançaram a iniciativa alegavam que se tratava de uma “moda horrível e perigosa” que desnaturalizava a “verdadeira Paris”.

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O psicanalista Mário Corso afirma que a lógica dos cadeados é a mesma dos nomes escavados dentro de um coração em um tronco de árvore: trata-se de uma maneira de dar corporeidade a algo abstrato.

– A ponte é um monumento ao amor. A retirada dos cadeados significa uma grande perda para o romantismo, mas é inevitável. Temos de lembrar que uma ponte acabou de cair aqui no Estado. O amor vai encontrar outras formas de se manifestar – avalia.


 

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