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Itapema FM  | 28/05/2015 07h01min

Autora conhecida internacionalmente pelas pesquisas sobre contos de fadas mostra sua arte para Joinville

Exposição O Bosque e a Princesa, de Kátia Canton, ficará aberta a visitas até 12 de julho

RAFAELA MAZZARO  |  rafaela.mazzaro@an.com.br

No prédio que já abrigou muitas histórias das terras por onde os donos, um príncipe e uma princesa, jamais passaram, a artista Kátia Canton encontrou a conexão perfeita para tratar dos contos infantis, objeto de sua pesquisa há mais de duas décadas. A exposição O Bosque da Princesa, aberta no Museu de Arte de Joinville (MAJ) até 12 de julho, reúne em multiplataformas – fotografia, áudio, vídeo, desenho, instalação de objetos e pintura – a percepção do feminino nas narrativas perpetuadas e transformadas ao longo dos séculos.

Kátia buscou no século 17 a raiz das histórias orais que deram origem aos clássicos Cinderela, Bela Adormecida, A Bela e a Fera, entre outros, transferidas para a literatura por meio do escritor francês Charles Perrault, pai do conto de fadas, e suavizada ao longo dos anos por nomes como os Irmãos Grimm e Walt Disney.

– Essas histórias são originalmente fortes, eróticas, nada a ver com crianças. A Bela Adormecida, por exemplo, é uma história de estupro – explica a artista de São Paulo.

Usados inicialmente como cartilha de bons modos, os contos de fadas, sob a ótica de Kátia, também buscaram moldar o comportamento das mulheres, criando ideais de atitudes e de beleza.

– Eles têm tudo a ver com as minhas dificuldades da infância. Eu me olhava no espelho e não via nada daquilo com que as princesas se pareciam – conta ela, que viveu boa parte da infância impedida de sair de casa por problemas de saúde.

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Atenção à criação visual

A exposição em Joinville reúne obras que passaram por Ontem, sua primeira mostra individual, que ocorreu no início deste ano em São Paulo. Seus desenhos reinterpretam os contos, e instalações de casas de papelão ironizam os finais felizes. Em cinco minutos de áudio, Kátia recita poemas de sua própria autoria baseados nessas histórias universais. A exposição no MAJ tem curadoria de Adriana Rede.

Sua investigação sobre contos de fadas rendeu dezenas de livros, alguns referência internacional para pesquisadores da área, como The Fairy Tale Revisited (1996), com versão brasileira esgotada. Premiada com três prêmios Jabuti, a autora tornou-
se mais conhecida pela obra bibliográfica do que pela produção artística, motivo que a fez se dedicar mais à criação visual a partir de 2008. Desde então, fez residências artísticas na Índia, na Itália e na Eslováquia.

Kátia é formada em arquitetura e jornalismo e sempre foi dedicada à dança, tanto que esteve presente na primeira edição do Festival de Dança de Joinville, em 1983. A ligação com a arte contemporânea deu-se primeiramente a partir das performances. Morando em Nova York, concluiu mestrado e doutorado focados nos contos de fadas, assunto que a instiga desde a infância, quando ouvia as histórias de uma tia-avó. Atualmente também é professora da USP e vice-diretora do Museu de Arte Contemporânea, em São Paulo.

A NOTÍCIA
Rodrigo Philipps / Agencia RBS

Kátia é autora do livro premiado 'The Fairy Tale Revisited'
Foto:  Rodrigo Philipps  /  Agencia RBS


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