O grupo cubano Buena Vista Social Club encerrará a quinta edição do Jurerê Jazz na próxima segunda-feira (dia 18) com um show no Teatro Ademir Rosa (CIC), em Florianópolis. A apresentação faz parte da Adiós Tour, mas para os catarinenses a despedida tem gosto de "até breve". Devido à enorme procura, que fez os ingressos esgotarem em poucos dias, o produtor do festival, Abel Silva, confirmou que a banda voltará à cidade em 11 e 12 de dezembro para tocar em local ainda a ser anunciado.
Dos 20 músicos que gravaram o primeiro disco do projeto em 1987, a relação dos já falecidos inclui os mestres Compay Segundo, Rubén González (ambos em 2003) e Ibrahim Ferrrer (2005). Quatro remanescentes daquela formação histórica estarão no palco do CIC: Manuel "Guajiro" Mirabal (trompete), Eliades Ochoa (vocal, violão), Omara Portuondo (vocal) e Barbarito Torres (alaúde). Os dois últimos conversaram com o Anexo por e-mail – os principais trechos seguem abaixo.
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Como era trabalhar com talentos como Compay Segundo, Ibrahim Ferrer e Rubén González? Omara Portuondo – Todos eles eram grandes artistas, mas acima de tudo grandes homens. Tenho belas lembranças de cada um deles, como a primeira vez que cantei com Compay ou o dueto com Ibrahim para o documentário. Rubén era simplesmente um ser humano maravilhoso. Todos nós sentimos muito a falta deles.
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Você ficou surpreso com o enorme sucesso do Buena Vista Social Club no mundo inteiro? Barbarito Torres – Completamente! Nenhum de nós jamais imaginaria que o projeto seria tão bem-sucedido. É uma grande honra ser parte disso e ter a oportunidade de continuar compartilhando nossa música 18 anos depois.
Como a aclamação recebida pelo grupo em outros países foi encarada em Cuba? Torres – De um jeito muito positivo. Às vezes, ouço as pessoas dizerem que nós somos os embaixadores da música cubana - o que é bastante autoexplicativo. Ficamos muito orgulhosos com isso.
Por que vocês decidiram que esta será a última turnê do grupo? Torres – Nós achamos que era o momento de agradecer às pessoas por tantos anos de amor e apoio. Como eu disse, estamos há quase 20 anos envolvidos com o projeto. Então, não há melhor maneira de nos despedir do que com uma turnê, visitando nossos amigos e fãs, celebrando nossa música e prestando tributo àqueles que já nos deixaram. A Adiós Tour não é um simples show, é uma experiência completa, com vídeos, o novo álbum e um livro de fotos com imagens exclusivas, anedotas e muitas curiosidades que acontecem na estrada.
Quais são os seus programas favoritos em Cuba? Omara – Andar pelo Malecón (avenida à beira-mar em Havana), visitar Havana Vieja (área mais antiga da cidade) e encontrar artistas locais no Museu de Belas Artes. Há também a região de Viñales (a cerca de 200 quilômetros a oeste da capital) com suas plantações de tabaco. Conhecer uma das fábricas de charuto lá é um belo programa, mesmo se você não fuma.