Itapema FM | 09/05/2015 12h01min
O Brasil pode estar longe de ser referência em tecnologia, mas em uma coisa dá de 10 na maioria dos países desenvolvidos: o preço dos eletrônicos. Estudo do Deutsche Bank mostrou que um iPhone 6, top de linha da Apple, pode custar quase 200% a mais por aqui do que nos Estados Unidos.
Os brasileiros são os que pagam mais caro pelo aparelho no mundo: R$ 3.762 – 34% a mais do que os russos, segundos colocados.
Conforme indústria e especialistas, um dos vilões do preço são os impostos, que chegam a 33% no Brasil, enquanto nos Estados Unidos variam de 5% a 9,5%, dependendo do Estado. E essa regra vale para outros eletrônicos. Aqui, um videogame tem 72% do preço formado por impostos, pois entra na lista de “supérfluos” da Receita Federal. Isso levou um Playstation 4 da Sony a ser lançado no país por cerca de R$ 3,9 mil, enquanto nos Estados Unidos saía pelo equivalente a R$ 1,2 mil.
Além das alíquotas colossais, a quantidade de taxas também pesa. São pelo menos seis sobre produtos do dia a dia (PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS e Cide). E cada um multiplica os tributos anteriores. Funciona assim: um aparelho de TV é taxado na saída da fábrica com Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) e, ao ser vendido pelo comércio, paga Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) calculado sobre um preço já tributado. Resultado: carga tributária de 45% nos telões.
– Nos Estados Unidos, há um imposto sobre a produção, e só. Aqui, o cálculo tributário vira uma bola de neve – explica o presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), João Elói Olenike.
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Em alguns casos, alta margem de lucro também é determinante
Especialistas também apontam maior margem de lucro de multinacionais no Brasil. Há estudos que mostram este movimento no mercado automotivo. Uma pesquisa da área de formação de preços da Fundação Getúlio Vargas feita em 2014 mostra que, mesmo descontando os impostos, um carro pode custar 31% a mais no Brasil do que no México. O mais surpreendente é que mesmo que este carro seja fabricado em território nacional, chegará ao consumidor mexicano mais barato.
– O brasileiro se deixa seduzir mais fácil pela marca e o status de um bem, e os fornecedores aproveitam isso para lucrar mais na venda de um produto – avalia Sônia Amaro, supervisora institucional da associação de consumidores Proteste.
O posicionamento da Associação Brasileira da Indústria de Eletroeletrônicos (Abinee) é outro. Para a entidade, a maior parte das indústrias de tecnologia praticam no Brasil o mesmo preço de outros países, com pouca variação. Preços muito altos podem ser atríbuídos a lançamentos, e perdem fôlego com o passar do tempo, diz a Abinee.
Mesmo com preços altos, lançamento do aparelho teve grande procura em Porto Alegre
Foto:
Marcelo Oliveira
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