Itapema FM | 08/05/2015 16h25min
A paulista Tulipa Ruiz iniciou a gestação do terceiro álbum com uma ideia fixa. Depois de cavar um lugar entre as revelações da MPB com a estreia Efêmera (2010) e se consolidar com Tudo Tanto (2012), ela queria que o novo trabalho fosse dançante. O fruto dessa obsessão veio à tona nesta semana em Dancê, definido com propriedade pela autora como um disco “para ouvir com o corpo”. O alvo principal são os quadris, mas a cabeça nunca sai da mira nas 11 músicas que compõem o pacote.
“Começou!”, exclama a cantora na abertura, Prumo, dando a largada para a festa. Nota-se, de cara, que Tulipa sente-se mais solta para exercer seus dotes vocais, sem cair em maneirismos estéreis. Pode bancar a cantora lírica, pode ensaiar um rap, pode brincar de desafinar, desde que o objetivo declarado – mexer com o ouvinte – seja mantido. Para uma artista que, aos 34 anos, corria o risco de se tornar uma chata contente com o pequeno público que conquistou até agora, é uma guinada bem significativa.
Mesmo aqueles que a curtem por verem nela a “verdadeira música brasileira”, embora a própria nunca tenha empunhado essa bandeira, não têm motivos para reclamar: mestre João Donato aparece na delicada Tafetá e Virou está pronta para estourar na Itapema FM. O tom dominante, porém, é a celebração já revelada no primeiro single (Proporcional) e levada ao cúmulo em Físico, levada frenética que escancara a referência à Olivia Newton-John. No mal-cuidado jardim do pop brasileiro, Tulipa cresce como a flor mais interessante com Dancê.
Falador passa bem
O disco dos High Flying Birds de Noel Gallagher, Chasing Yesterday, fica cada vez melhor. Além do britpop com o qual se agigantou no tempo do Oasis, ele tem a manha de parir umas baladas absurdamente cativantes - no caso, Riverman, a Wonderwall de sua carreira solo, com solo de guitarra e tudo. Como se não bastasse a inspiração, o inglês ainda consegue soltar boas frases sempre que instigado. “Você pode transar com qualquer coisa que se mexe e receber meio milhão de dólares por semana, seu idiota”, declarou o boquirroto, comentando a justificativa de Zayn Malick ao sair da boyband One Direction por querer ser “um garoto normal de 22 anos”.
TEM QUE CONHECER ||||||| WIRE
Para facilitar, é um grupo inglês dos anos 80 que militava no pós-punk. Mas, como o rótulo agrega do pop polido do Cure ao funk áspero do Gang of Four, não tem jeito: é preciso escutar para entender por que o Wire figura em qualquer lista das melhores bandas obscuras de todos os tempos. Comece pela obra-prima Pink Flag (1977) e alimente o vício com o disco que leva o nome do quarteto, lançado neste ano. Sim, os caras continuam gravando até hoje e, por incrível que pareça, não soam datados.
Cantora solta-se mais no terceiro álbum e amplia leque sonoro para além da MPB que a revelou
Foto:
Rodrigo Schmidt
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Divulgação
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