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Itapema FM  | 07/05/2015 20h54min

Com a ascensão do streaming, qual é o futuro da pirataria?

Especialistas avaliam que catálogo defasado e cultura da ilegalidade prejudicam popularização de serviços legais no Brasil

Gustavo Foster  |  gustavo.foster@zerohora.com.br

Se houve uma época em que a pirataria era quase a regra no consumo de cultura digital, hoje serviços de streaming e assinatura ganham espaço e tornam parte do acesso a músicas e filmes legal. Ainda que o mercado online esteja em formação, especialistas avaliam que algumas melhorias – como maior investimento em um acervo extenso e preços baixos – podem ajudar no enfraquecimento da ilegalidade.

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Há poucos dias, o Grooveshark, um dos serviços mais populares de música na internet, foi fechado pela Justiça. Sem pagar direitos autorais, o site oferecia um catálogo imenso de graça. Com filmes, acontece a mesma coisa: o PopCorn Time, que também oferece milhares de filmes de graça e sem pagar nada a ninguém, tem código aberto – ou seja, é fechado, mas aberto por outro usuário no instante seguinte. O que se vê é que a polícia tem muita dificuldade em diminuir a oferta. Para Liana Gross Furini, professora de Comunicação Digital e mestre em Comunicação Social, com dissertação sobre pirataria, o segredo é mudar o desejo da demanda:

– Facilidade é a palavra de ordem. Por que as pessoas baixavam filme? Porque era mais rápido do que ir à locadora ou ao cinema. Quando surgiram o Netflix e o Spotify, que eram mais fáceis do que o download ilegal, a pirataria caiu um pouco.

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Além da praticidade um fator é lembrado com força por especialistas: o catálogo. André Pase, professor de Comunicação Social da PUCRS, dá um exemplo: enquanto o Netflix luta para ter filmes de Woody Allen da década de 1980, na ilegalidade havia Birdman em HD, com legendas em português, antes do lançamento nos cinemas. Para competir com isso, serviços legais tem que mirar nessa instantaneidade do pirata. Um estudo recente, encomendado por um grupo de empresas de serviços de música por streaming, mostrou que o hábito de fazer download ilegal é menor entre usuários desses programas. Ou seja, o crescimento do consumo legal diminui a ilegalidade.

Leo Morel, analista do mercado de música e professor de Novas Mídias na FGV-Rio, vai além: segundo ele, o sentimento de que se tem tudo à mão tem mais importância para a popularização do que o preço, por exemplo. Atrativos paralelos, como interação entre amigos e sugestões de filmes e bandas parecidas, também funcionam como um diferencial no galpão gigante de possibilidades que é a internet. Ainda assim, ele diz, há uma geração inteira que acabou se acostumando a ter produtos culturais de forma ilegal, e isso é difícil de ser modificado.

– O usuário brasileiro quer pagar pouco para ter um acervo vasto. Caso contrário, ele tem acesso de graça no YouTube, nos downloads ilegais, no torrent. As plataformas têm que entender o que o consumidor demanda. Se você oferece isso, as pessoas pagam. Mas tem que ser atrativo. E temos que lembrar que os serviços ilegais acabaram se tornando costume, cultura de uma geração.

Portanto, se fosse para resumir: como em qualquer atividade, a ilegalidade sempre ocupará uma parte do mercado, mas, para combatê-la, serviços devem buscar cada vez mais catálogos abrangentes, serviços paralelos atrativos e preços pequenos. Com isso, dizem os especialistas, é possível que o consumidor se acostume a pagar um pouco para ver filmes de maneira legal no conforto do sofá de casa.

Jakub Krechowicz,stock.xchng / Divulgação

Grooveshark, um dos mais populares serviços de streaming de música, foi fechado recentemente
Foto:  Jakub Krechowicz,stock.xchng  /  Divulgação


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