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Itapema FM  | 02/05/2015 20h45min

Morre Maya Plisetskaya, uma das maiores bailarinas da história

Plisetskaya dançou por meio século e levou ao tradicional balé soviético coreografias modernas e apresentações carregadas de erotismo

Considerada uma das maiores bailarinas do século 20, a russa Maya Plisetskaya, 89 anos, morreu neste sábado, vítima de um ataque cardíaco fulminante, anunciou o diretor do teatro Bolshoi, Vladimir Urin. Ele contou ter sido informado pelo marido da bailarina, o célebre compositor russo Rodion Shchedrin, de que Plisetskaya faleceu na Alemanha, onde o casal tinha uma residência.

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– Algumas semanas atrás, nós nos reencontramos. Ela estava saudável, fazia brincadeiras, mas aconteceu, o coração da maior entre todas as bailarinas parou. Não apenas a Rússia, mas o mundo inteiro sabia: Maya Plisetskaya foi o símbolo do balé russo do século 20 – declarou Urin à agência RIA Novosti.

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Por meio de um comunicado de seu serviço de imprensa, o presidente russo, Vladimir Putin, expressou suas condolências à família. Plisetskaya dançou por meio século e levou ao tradicional balé soviético coreografias modernas e apresentações carregadas de erotismo. Nascida em 20 de novembro de 1925, em Moscou, teve o pai, engenheiro, assassinado durante o regime stalinista em 1938 e sua mãe, uma atriz, foi acusada de traição e enviada a um campo de trabalhos forçados no Cazaquistão.

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Maya ingressou no Bolshoi em 1943. Durante 50 anos, ela cativou as plateias com a pureza de suas apresentações e seu olhar desconcertante. Conhecida como "a rainha do ar", ela conquistou um de seus primeiros êxitos com a representação, em 1947, de O lago dos cisnes. Graças à sua versatilidade, pode interpretar personagens tão diversos como a czarina enlouquecida de A fonte de Bajchisarai, a perversa Kitri de Dom Quixote, Carmem, e Ana Karenina.

Em 1967, escandalizou seus companheiros após um encontro, em Moscou, com o coreógrafo cubano Alberto Alonso que, como cidadão de um país comunista amigo, teve permissão para criar a Suíte de Carmen para ela.

– Carmen, em que todo gesto, todo olhar, todo movimento tinha um significado, era diferente de todos os outros balés. A União Soviética não estava preparada para este tipo de coreografia. Foi uma guerra, eles me acusaram de trair a dança clássica – comentou Plisetskaya a respeito do ocorrido.

Mais brilhante bailarina da história

Mas a ousadia valeu a pena. Em 2005, Plisetskaya foi contemplada, juntamente com a também bailarina espanhola Tamara Rojo, com o prêmio Príncipe de Astúrias das Artes. As duas foram consideradas as "mais brilhantes bailarinas da história da dança". O júri entendeu que Plisetskaya havia "transformado a dança em uma forma de poesia em movimento, ao conjugar a rara qualidade técnica com a sensibilidade artística e humana".

Em seu 80º aniversário, também em 2005, ela interpretou no Kremlin o Ave Maya, dedicado a ela pelo coreógrafo francês Maurice Béjart, coroando uma noite mágica que contou com a presença de bailarinos clássicos de todo o mundo, monges shaolin, a orquestra do Exército russo Alexandrov e o rei do flamenco Joaquín Cortés.

Uma homenagem que resumiu bem a carreira e o caráter da "Prima ballerina assoluta", uma distinção suprema que o Bolshoi só concedeu duas vezes em sua história.

– Maya Plisetskaya assimilou uma grande tradição, a dirigiu e reciclou, alcançando a liberdade. Independentemente do que dance, sinto nela uma força vital enorme, a sensualidade, mas, sobretudo, a modernidade – definiu  Maurice Béjart. Para o coreógrafo, Maya Plisetskaya era a "última lenda viva da dança".

AFP

AFP / 

Maya ingressou no Bolshoi em 1943 e durante 50 anos cativou as plateias com suas apresentações
Foto:  AFP


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